Um conjunto de problemas se acumula em torno da vida social, econômica e política do Brasil e ultrapassa o ano aumentando as expectativas, preocupações e as esperanças quanto ao futuro. Desemprego, subemprego, inflação persistente, alta dependência de commodities, industrialização estagnada e crescimento moderado na economia concorrem com os problemas do meio ambiente e o clima fora do controle. A improvisada transição enérgica, violência urbana permanente, crimes digitais impulsionados pela inteligência artificial, índices altos de sofrimento e depressão pessoal são parte da agenda de todos. Além disso, continua aceso o alerta em relação à instabilidade na relação Governo/Congresso. De fora, constata-se uma frágil aliança internacional pela Paz com dezenas de guerras não interrompidas entre as nações.
Enfim, especulações e tendências concorrem entre si para definir o cenário do ano que se inicia. Um círculo vicioso de pequenas melhoras, insegurança, surpresas estressantes e a contínua fragilidade das ideias liberais e democráticas.
A economia inicia o ano com um desempenho melhor do que o ano passado, mas insuficiente para sinalizar melhoria crescente e sustentável e assegurar despreocupação com o futuro. Impulsionada pelo setor de serviços, mercado informal, agropecuária e produção de petróleo, a consistência do resultado do crescimento do PIB não dá conta de anular as consequências do estacamento industrial e o fato de ainda sermos uma economia de preços administrados. Sinais de melhora para o consumo das famílias revela a dependência dos assistidos mais do que a valorização do salário mínimo. A Reforma Tributária prevê um longo tempo de maturação para sua implantação, entendimento e produção de resultados.
Nosso maior problema continua a ser a desproporção entre o tamanho da despesa do Estado e o resultado de arrecadação do PIB. O que faz a moeda nacional ser uma unidade de crédito emitida contra a sociedade por meio da tributação abusiva. Em tempos de moeda eletrônica, sem ganhos de produtividade geral, é um equívoco manter nossa economia fortemente administrada pelo Estado e dando pouca relevância a disciplina fiscal e monetária. A sociedade se tornou grande demais para caber dentro dos interesses do Estado. Sem quebrar o paradigma do intervencionismo estatal e governamental em tudo, diminui a esperança de ver a criação e circulação de mercadorias e riqueza funcionando de forma mais livre e sem temer a dinâmica trazida pela liberdade de mercado. Os excessos do setor público retiram a energia para a sociedade se reestruturar com autonomia.
O STF mudou seu compromisso de defender a Constituição optando por uma feição mais voluntariosa e menos técnica. Com o ardor intervencionista do TSE e o uso da inteligência artificial, as eleições municipais serão acirradas em um cenário que aponta para cada vez mais aumento da polarização e nulidade de propostas e programas para os problemas urbanos brasileiros.
Em 1951, o compositor Geraldo Pereira, mineiro de Juiz de Fora, ficou entusiasmado com a ideia do Deputado Israel Pinheiro de propor a Getúlio Vargas a criação do Ministério da Economia. A letra da música até hoje divide a crítica se era laudatória ou sarcasmo. Diz lá em seus versos: “Seu presidente, sua Excelência mostrou que é de fato, agora tudo vai ficar mais barato, agora o pobre vai poder comer. Pois era isso que o povo queria, o Ministério da Economia parece que vai resolver”. 72 anos depois o samba continua atual. E o mistério da economia também.
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