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Sustentabilidade e equidade de gênero

Agência BORI
é um serviço único que conecta a ciência a jornalistas de todo o País. Na BORI, profissionais de comunicação cadastrados encontram pesquisas científicas inéditas e explicadas, além de materiais de apoio à cobertura jornalística e contatos de cientistas de todas as partes do Brasil preparados por nós para atender à imprensa. Acesse: abori.com.br
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Agência BORI
é um serviço único que conecta a ciência a jornalistas de todo o País. Na BORI, profissionais de comunicação cadastrados encontram pesquisas científicas inéditas e explicadas, além de materiais de apoio à cobertura jornalística e contatos de cientistas de todas as partes do Brasil preparados por nós para atender à imprensa. Acesse: abori.com.br

Novas pesquisas reforçam que diversidade de gênero nos processos decisórios traz resultados positivos dentro das corporações e para toda a sociedade. O preconceito que mulheres com mais de 40 anos sofrem no mercado de trabalho, no entanto, é incondizente com a contribuição de executivas nos bons desempenhos social e ambiental das empresas.

Incentivar a diversidade e valorizar as contribuições de gestoras são pontos fundamentais para boas atuações sociais e ambientais do setor privado brasileiro. Contudo, é preciso que os negócios se comprometam a tornar o ambiente corporativo mais acolhedor para as mulheres, que têm as capacidades inibidas pelos preconceitos de gênero e de idade. Os apontamentos são resultados de dois estudos recentes de pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), divulgados pela Agência BORI.

O primeiro trabalho, publicado em março na revista GV Executivo, mostra que organizações com alta pontuação em indicadores de sustentabilidade têm em comum a liderança feminina, propositiva e atenta às responsabilidades sociais das corporações. Este é o primeiro estudo a analisar a relação entre ambos os temas nas empresas do País.

Os autores partiram de uma análise quantitativa da pontuação dos fatores ESG (em português, indicadores ambiental, social e de governança) de 98 empresas de capital nacional. Os dados são provenientes do índice ESG Score, da agência Arabesque S-Ray, e correspondem ao período entre setembro de 2018 e agosto de 2020. Dentre as organizações do grupo com baixa pontuação ESG, 31% não têm presença de mulheres na diretoria ou no conselho de administração. Já em empresas com alto ESG, esta ausência ocorre apenas em 17%.

Para validar as correlações positivas encontradas, os autores realizaram entrevistas em profundidade com 14 mulheres em cargos de liderança nas empresas pontuadas. A pesquisadora Monique Cardoso, uma das autoras do artigo, destaca que essas lideranças são proativas, tomando a gestão de riscos socioambientais das atividades como um valor pessoal. “Em vez de assumir papéis masculinos, estas líderes estão convertendo os estereótipos ditos tipicamente femininos em atributos positivos de gestão, usando isso ao seu favor – cuidado, intuição, cautela com riscos, atenção a normas e controles e saber ouvir”, comenta Monique.

Por outro lado, em empresas com pontuação mais baixa no quesito “sustentabilidade”, as iniciativas nesta área são reativas. Isto é, os gestores se preocupam com um posicionamento com base em pressões externas, como exigências do mercado e de órgãos reguladores e riscos à reputação.

Pressão no ambiente organizacional

Em outro estudo, Renata Assis Vieira e Vanessa Martines Cepellos, pesquisadoras da FGV EAESP, constataram que, após a menopausa, executivas de empresas nacionais de diversos segmentos do mercado sofrem com a desvalorização. Essas mulheres enfrentam resistência no ambiente corporativo.

As autoras realizaram 20 entrevistas com mulheres de 40 anos ou mais que ocupavam cargos de liderança no setor privado. As profissionais consultadas manifestaram preocupação com a aparência, graças à pressão social que sofrem por ocuparem espaços ainda majoritariamente masculinos, onde a imagem de mulheres mais velhas é associada a obsolescência, menor dinamismo e resistência à mudança.

O estudo aponta, contudo, que as empresas podem sair ganhando justamente quando estimulam a formação de equipes intergeracionais, combinando a experiência e o conhecimento dos trabalhadores mais velhos com a facilidade dos mais jovens em compreender e lidar com os avanços tecnológicos, por exemplo.

Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da PB. A sua publicação tem como objetivo privilegiar a pluralidade de ideias acerca de assuntos relevantes da atualidade.

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