Artigo

Uma dívida social contínua

Abram Szajman
é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que gere o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Estado
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Abram Szajman
é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade que gere o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Estado

O Brasil experimentou avanços político-econômicos significativos nas últimas seis décadas. Da consolidação do regime democrático à gradativa abertura comercial, mesmo que atrasada, foram inegáveis as conquistas até aqui.

Ultrapassamos um dos períodos mais desafiadores da nossa história recente: a época da hiperinflação, na chegada dos anos 1990, quando o poder de compra das pessoas era corroído todos os dias. Nós, empresários, vivenciamos as transformações no comportamento de consumo e as idas e vindas da possibilidade de gerar mais empregos.

Se por um lado, contudo, são evidentes os sinais de progresso, por outro o País ainda carrega as consequências de modelos de gestão estatal que mantêm intocáveis os graves problemas nacionais. A falta de continuidade das políticas públicas evidencia os erros cometidos e as lições não aprendidas. Para citar um dos equívocos mais crônicos, o crescimento desenfreado da arrecadação do Estado, pouco revertida em soluções efetivas à desigualdade persistente.

Ao mesmo tempo que acompanhamos a modernidade em alguns setores, como na produção de energia limpa, a carência de saneamento básico e a precariedade de hospitais e escolas ainda são realidades em muitas regiões. Sem falar da burocracia, que bloqueia o nosso ambiente de negócios, e das constantes mudanças nas regras do jogo, causa de preocupante insegurança jurídica.  

Há 60 anos, o lançamento da Revista Problemas Brasileiros, capitaneada pela FecomercioSP, pelo Sesc-SP e pelo Senac-SP, vislumbrava expor e questionar os entraves do País, ao provocar a mobilização da opinião pública. Alicerçada no preceito da representação, a publicação acompanhou o espírito do tempo, tornando-se ferramenta singular de defesa não só dos interesses empresariais, mas de toda a sociedade.  

“O Brasil precisa crescer, mas o crescimento não pode ocorrer pelos mesmos caminhos dos últimos anos.” A frase, extraída do editorial da edição de janeiro de 1992, ainda é atual. Tornar o País um lugar mais eficiente, justo e competitivo é o que nos move e motiva a continuar apontando saídas para os problemas nacionais.

O artigo foi publicado no editorial da edição #475 da revista impressa.

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