Inicialmente, a Casa de Apoio Acolher era uma extensão do Grupo de Ação da Extensão Humana (Gash), uma associação sem fins lucrativos com o objetivo de atingir a população em vulnerabilidade social. Ativo há mais de 16 anos, o Gash já transformou a vida de diversas pessoas no Estado do Maranhão.
A evolução da proposta originou a Casa de Apoio Acolher, destinada ao abrigo de quem vive e convive com HIV/aids em toda a região. O projeto oferece apoios psicológico, jurídico, social e alimentar, de forma gratuita e voluntária.
“Preenchemos a lacuna da ausência do Poder Público. Se existissem políticas públicas no País para acolher estas pessoas, elas não se sentiram tão sós. Então, o nosso papel é levar o bem a quem não tem orientações sobre esta doença”, afirma Paulo Ribeiro, empreendedor social e idealizador da iniciativa.
Com mais de 30 voluntários, o projeto recebe, em média, 25 pessoas por dia e já acolheu, ao todo, 5 mil. Vindas de outros municípios, elas buscam orientações, apoio e alimento. No local, encontram o suporte que precisam: “Amor, carinho e empatia”.
“São de extrema importância os projetos que dão suporte para pessoas marginalizadas pela sociedade. Apoios psicológico e social são fundamentais”, afirma Giuliano de Castro Fiori, biomédico. O especialista ainda pontua que a “demonização” dos pacientes é o que prejudica ainda mais a inserção deles na comunidade, seja na hora de buscar emprego, seja se relacionar com os demais.
Diante disto, a Casa Acolher trabalha em ação conjunta com o Hospital Presidente Vargas, referência, no Maranhão, em tratamento de HIV/aids, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), doenças tropicais e tuberculose. A Instituição faz o encaminhamento para o local do projeto. Lá, os voluntários conseguem dar o devido respaldo, com atendimentos psicológico, nutricional, jurídico e social, além de café da manhã, banho e roupas limpas e em bom estado. Para Ribeiro, essa é a melhor maneira de demonstrar o quanto a vida de cada indivíduo é importante.
A Casa Acolher, hoje, sobrevive por meio de doações e vendas das bonecas de tecido produzidas por mulheres que moram em cidades localizadas no interior do Estado. Confeccionados com materiais sustentáveis, os brinquedos já viajaram por várias partes do Brasil – e até exterior. “Damos aprendizado a elas [mulheres] sobre empreendedorismo, para que elas fabriquem o objeto, que é a cara da iniciativa. Este setor é remunerável, oferecendo ajuda a estas famílias.”
Além das vendas das bonecas, o projeto ainda idealiza campanhas especiais, como as de São João, divulgadas pelas redes sociais da Casa Acolher e pelas empresas parceiras. As vendas são realizadas tanto pelo Instagram como pelas 15 companhias consignadas.
Durante a pandemia, o atendimento passou ao modo online, principalmente os psicológicos e a distribuição de alimentos. Ribeiro conta que este foi o período em que eles mais trabalharam. Cestas básicas foram distribuídas para as pessoas assistidas pela ação.
“O atendimento psicológico foi o mais procurado. Por causa da ociosidade de ficar dentro de casa, as pessoas estavam ‘enlouquecendo’ mesmo. Elas já vivem numa clausura que a sociedade impõe, mas imagine você não poder sair?”, reforça Ribeiro.
A doação de cestas básicas foi uma parceria com o Banco do Brasil. A própria instituição procurou a Casa Acolher, e a ação contou com ajuda de voluntários para a entrega dos alimentos.
Avançar às extremidades do Maranhão exigiu a criação do Xove. Disponível para iOS e Android, o aplicativo faz um cálculo de risco e orienta as pessoas que tiveram alguma relação sexual desprotegida. Com base nisso, o app indica os pontos de referência e aconselhamento mais acessíveis. “Uma vez com o diagnóstico tardio do vírus, as sequelas são maiores, então, o objetivo é atender jovens para ter esta conscientização e salvar vidas”, defende Paulo Ribeiro.
O biomédico Giuliano de Castro Fiori acredita que o aplicativo possa ajudar na busca pelo tratamento correto logo após a exposição ao vírus. Além disso, proporciona a coleta de dados epidemiológicos, registrando o número de casos na região.
Para ajudar o projeto, acesse o site clicando aqui ou entre em contato pelas redes sociais.
Instagram: @casaacolherma