Jaqueline Goes de Jesus, professora e biomédica do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT/USP), coordenadora da equipe que fez o sequenciamento do genoma do vírus causador da covid-19, o Sars-CoV-2, é a quarta entrevistada da série Duas gerações de Brasil: de onde viemos e para onde vamos, produzida pelo Canal UM BRASIL e a Revista Problemas Brasileiros (PB) durante a BRASA EuroLeads 2023, em Lisboa.
Realizado em cerca de 48 horas por cientistas brasileiros, o sequenciamento do coronavírus, no início de 2020, representou um marco para a saúde pública no País, auxiliando, inclusive, nos estudos internacionais para o desenvolvimento de vacinas. Longe de ser um improviso imediato, o trabalho exigiu jornadas prévias de conhecimento e de financiamento público em ciência.
“As 48 horas foram a ‘ponta do iceberg’ de toda uma estrutura que temos para gerar um sequenciamento em um período tão curto. Elas são o resultado de anos de aperfeiçoamento e do aprendizado da técnica [no exterior], de começar a utilizá-la e aprimorá-la e de voltar ao Brasil e ensiná-la a mais pessoas. Tudo isso traz uma expertise que vai além de qualquer teoria”, afirma Jaqueline. A equipe liderada por ela obteve 98% do genoma do vírus após receber a primeira amostra.
A cientista explica que a sua trajetória com sequenciamento genético começou em 2016, em meio à disseminação do zika vírus, período ao longo do qual a equipe de pesquisa que ela integrava fechou parceria com um grupo britânico desenvolvedor de uma técnica de análise do vírus ebola. “O que mais me fez aprender a técnica foi poder trabalhar com ela no dia a dia e ensinar outras pessoas, ter voltado com a missão de passar o conhecimento, bem como o investimento que foi feito na minha carreira.”
Assista à entrevista na íntegra: