A pandemia obrigou muitas empresas a reinventar os negócios para sobreviver à crise. Algumas, com criatividade, superaram o desafio, como mostra a lista anual World’s Most Innovative Companies (“Empresas Mais Inovadoras do Mundo”, na tradução para o português), promovida pela revista Fast Company. Mas o que é uma empresa inovadora? E o que podemos aprender com elas?
Já nascidos com a cultura de inovação gravada no DNA, estes negócios buscam se reinventar na hora de criar produtos, agregar valores aos serviços e focar na experiência do cliente. Muito além das tecnologias, os negócios buscam mudar a forma de se fazer algo, atendendo a uma demanda de mercado de forma eficiente e diferenciada dos concorrentes. “Faz parte do dia a dia dessas empresas experimentar novas ideias, buscando oferecer novos produtos e serviços. Os negócios inovadores buscam sempre adaptar o mercado para atender melhor os seus clientes”, explica Kelly Carvalho, assessora econômica da FecomercioSP.
Contudo, como se inovar com tantos concorrentes? A inovação exerce um papel importante para a economia mundial, bem como para atender às mudanças constantes de hábitos dos consumidores. Dessa forma, as empresas precisam se diferenciar para não serem comparadas com a concorrência. Para Vitor Navarrete, professor de MBA na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o problema não são os concorrentes, mas saber atender ao seu público. “O que dita a regra é o quanto você consegue se aproximar daquilo que o seu cliente precisa. O que dá longevidade à inovação é a capacidade de execução.”
Sendo assim, a melhor forma de se alcançar essa inovação é estudar o mercado para conseguir identificar uma demanda a ser suprida e captar insights para desenvolver novas ideias.
Com o avanço no mercado e a mudança nos hábitos dos consumidores, as empresas inovadoras têm ganhado destaque, já que as grandes marcas vêm conquistando espaço pelo valor agregado oferecido aos consumidores.
“Mais do que se tornar uma grande marca no mercado, a empresa precisa ser conhecida por resolver muito bem o problema do cliente. Para isso, é necessário fazer interações constantes com o público, desde as humanas – como entrevistas – até as tecnológicas, a seu favor para conseguir coletar o máximo de dados possíveis”, diz o professor Navarrete.
Contudo, a despeito da dominância do mercado por esses negócios, existem ainda muitas empresas que sofrem com a insegurança de se adaptar para a cultura inovadora. Na ótica de Navarrete, muitas delas sofrem com o “anticorpo da inovação”, conhecidos como “protetores” dos erros. “Isso retarda os processos empreendedores. São as pessoas que estão há bastante tempo na empresa e pessoas do jurídico, por exemplo, que vão julgar o projeto de forma pejorativa. Então, a empresa fica sem fôlego para se arriscar e não consegue fazer um trabalho sério inovador.”
Deixar a novidade em segundo plano é um segundo fator comum, fazendo com que negócios percam competitividade no mercado. Além disso, existe também a condição de risco da operação, já que muitas dessas empresas são de natureza mais conservadora.
Um outro aspecto de impedimento, abordado pelos especialistas, é que muitas empresas não sabem como começar, já que os projetos de inovação requerem uma transformação bem maior do que pequenas atitudes, como questões internas e externas. Para Kelly Carvalho, é de suma importância ter uma equipe engajada para a cultura inovadora, com o intuito de aplicar criatividade e conhecimento de forma efetiva, gerando projetos alinhados com a estratégia de negócio.
Se, por um lado, muitas empresas tinham medo de se renovarem, com a pandemia, foram obrigadas a se adaptarem às pressas para conseguir manter negócios e clientes. Com a rotina de trabalho e os hábitos de consumo alterados, os empresários tiveram de buscar alternativas para sobreviver no mercado.
“A crise de saúde pública fez com que muitos negócios saíssem da zona de conforto e partissem para o risco. Inúmeras oportunidades de empreender foram identificadas de forma a atender o consumidor, que, por sua vez, se tornou mais exigente e mudou o hábito de consumo, utilizando-se cada vez mais das plataformas digitais para ter acesso a produtos e serviços”, assegura Kelly Carvalho, que reforça o quanto as redes sociais e outras ferramentas assumiram relevância durante o isolamento social, consolidando-se como estratégias inovadoras de negócios e abrindo portas para novas formas de empreender e atender às necessidades do mercado consumidor.
Diante desta necessidade de adaptação, a revista norte-americana de negócios Fast Company publicou, em março deste ano, uma lista com as 50 empresas mais inovadoras do mundo. Dentre elas, destacam-se as empresas de biotecnologia responsáveis pela produção das primeiras vacinas, como a Pfizer e a Moderna. E o que as empresas brasileiras podem aprender com esses negócios?
Para os especialistas Kelly Carvalho e Victor Navarrete, a capacidade de adaptação e a mudança de processos para atender o cliente são os principais pontos que merecem destaque e atenção dos negócios brasileiros. “Muitas empresas que estão na lista se transformaram de forma mais rápida. A pandemia acelerou a digitalização das empresas, e mesmo que nem todas tenham conseguido fazer isso de forma bem-sucedida, outras foram exitosas. O mais importante é ver como conseguiram se adaptar a estas novidades”, afirma o professor.
Para acessar a lista completa da Fast Company clique aqui.