Não há dúvidas de que o Turismo brasileiro vem, gradativamente, aumentando o desempenho após o período pandêmico, o qual afetou drasticamente o setor. No entanto, os mais de 6 milhões de turistas estrangeiros que o Brasil recebeu em 2023 representam, ainda, um número irrisório em comparação a outros países da América Latina. Mesmo sendo uma nação gigantesca, o fluxo de visitantes ainda é menor do que o do Uruguai, por exemplo, cujo tamanho é proporcional ao Estado do Rio Grande do Sul.
Mudar esse cenário, aumentando a receita do setor e o fluxo de estrangeiros, passa pela melhora na infraestrutura e pela redução da burocracia, que dificultam a experiência dos turistas, como apontam os especialistas da área que participaram do último Café Sem Filtro, evento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A “marca Brasil”, conhecida pelas belezas naturais e pela hospitalidade do povo, pode multiplicar a entrada de viajantes de outros países — porém é necessário superar alguns antigos desafios. “Temos aeroportos defasados e rodovias em péssimas condições. O Poder Público, além de investir, deveria dar oportunidade para que as empresas assumissem esse papel a longo prazo”, afirmou o economista e coordenador do Conselho de Turismo da Entidade, Guilherme Dietze.
Na ocasião, o sócio-diretor do BCG São Paulo, Leandro Paez, também chamou a atenção para a diferença quantitativa que ainda há no País em relação a outros destinos: “Apesar de o turismo movimentar cerca de 8% do PIB brasileiro, com crescimento elevado em quase todos os segmentos nos últimos anos, a atração de estrangeiros é pequena quando comparada a outros países, como o México, que recebe 40 milhões de viajantes”, afirmou.
Durante o debate, destacaram-se outros aspectos relevantes que ainda travam o crescimento do fluxo de visitantes, condizente com o potencial nacional — por exemplo, o aumento no preço das passagens aéreas. Segundo Dietze, a inflação fez com que as pessoas não ampliassem o número de viagens no período de um ano, mantendo o mesmo volume e com valores mais caros. Ainda segundo a análise do especialista, isso demonstra que ainda há muito a ser feito em termos de eficiência nos gastos dos turistas.
A experiência do viajante também foi apontada como uma vertente a ser amplamente aprimorada, a começar pela desburocratização. A volta da exigência de visto para turistas do Canadá, da Austrália e dos Estados Unidos foi dada como exemplo do quanto a burocracia pode impactar o acesso de visitantes ao País, enquanto nações vizinhas não adotam essa exigência. Soma-se a isso a possibilidade do fim do parcelamento sem juros (ou a redução do número de parcelas), já que esse é um recurso que possibilita um vasto contingente de viajantes adquirirem pacotes de viagem. Sobre esse tema, Dietze reforçou a atuação da FecomercioSP, ao lado de outras entidades, que tem direcionado esforços incondicionais para que a proposta não siga adiante.
Para 2024, segundo Paez, a estimativa é de crescimento moderado da demanda e com os preços razoavelmente elevados. Projeção que também se aplica à hotelaria. O estudo sobre o desempenho do setor ainda trouxe números específicos a respeito da expectativa de consumidores e empresas quanto às viagens de lazer e corporativas para este ano.
Confira o vídeo na íntegra: