Os desafios socioambientais escancarados pela pandemia e o ingresso dos millennials ao mundo dos negócios trouxeram uma nova perspectiva sobre a relação entre sociedade, empresas e natureza. Enquanto isso, investidores enxergam valor nos negócios compromissados com causas sociais, ambientais e de governança
A nova geração de investidores, os millennials [pessoas nascidas entre 1985 e o fim da década 1990], passou a cobrar mais compromisso das empresas em relação às causas socioambientais e de governança – Environmental, Social and Governance (ESG), na sigla em inglês. Refletindo sobre esta nova onda de pensamento, em sua carta ao mercado, no ano passado, Larry Fink, CEO da maior gestora de recursos do mundo (US$ 8,6 trilhões), a BlackRock, deu o tom. A gestora detalhou o compromisso de incorporar a sustentabilidade tanto na gestão como na avaliação de riscos. A convicção é a de que esta nova postura ajude os investidores a construir portfólios mais resilientes e a alcançar melhores retornos de longo prazo, ajustados ao risco.
O reforço veio no Fórum Econômico Mundial, em janeiro deste ano, cujo tema central foi ESG. O recado, desta vez, foi para governos, empresas e pessoas. “O propósito de uma empresa é engajar todos os seus stakeholders. Ou mudamos drasticamente o nosso comportamento ou seremos responsabilizados pelas tragédias que estarão por vir”, disse o engenheiro alemão Klaus Schwab, fundador do evento. Para jogar luz ao tema, a revista Problemas Brasileiros traz, em sua reportagem de capa, um abrangente panorama sobre como a nova geração não olhará apenas risco e retorno, mas também a forma na qual os resultados são obtidos. E sublinha o impacto disso nas mudanças que já estão ocorrendo na indústria financeira e no modo de as empresas trabalharem e promoverem produtos e serviços.
As transformações sociais da atualidade também aparecem na a entrevista exclusiva com a empresária Luiza Trajano, uma das vozes femininas mais respeitadas do Brasil. Ela fala sobre as iniciativas em prol de causas como o combate ao feminicídio e a promoção da diversidade nas empresas. E comenta, entre outros assuntos, seu envolvimento nos debates sociais, raciais e políticos, além de compartilhar a experiência do movimento Unidos pela Vacina, o qual fundou com o objetivo de colaborar com a imunização contra o covid-19 no País. A conversa publicada nas páginas da PB é fruto de uma parceria com o Canal UM BRASIL, realização da FecomercioSP.
Outro destaque deste número é a acurada apuração da jornalista Fabíola Correa sobre o estado de sítio que vem dominando municípios de pequeno e médio portes no Brasil, aterrorizando populações e roubando valores milionários em assaltos cinematográficos a instituições bancárias. A tendência é que a modalidade de crime tipicamente brasileiro, fundado pelo cangaço, se repita de maneira cada vez mais sofisticada, apontam os especialistas ouvidos pela repórter.
A edição também examina a inabilidade dos governos ao tratar a saúde mental da população. Em “A quarta onda da pandemia”, mostramos que 93% dos países descontinuaram ou interromperam severamente os serviços essenciais de saúde mental na pandemia. Esta redução de oferta de cuidado segue na contramão do aumento da demanda, em razão de luto, isolamento, perda de renda e medo, condições que estão desencadeando problemas ou agravando os existentes. De um dia para o outro, a adaptação a uma nova rotina gerou consequências. As mulheres multitarefa, por exemplo, que conciliam trabalhos domésticos e vida profissional, são as mais afetadas. Estudo revela que 40,5% apresentam sintomas de depressão; 34,9%, de ansiedade; e 37,3%, de estresse.
Resgatamos, ainda, a curiosa trajetória da Princesa Isabel. Duas efemérides que transcorrem em 2021 evocam a personagem feminina mais citada na história do Brasil: sua morte, no exílio, em 14 de novembro de 1921, há um século, e a Lei do Ventre Livre, por ela promulgada em 28 de setembro de 1871, há 150 anos, durante a primeira de suas três regências na ausência do pai, D. Pedro II. Na última ocasião em que ocupou o trono, Isabel sepultaria de vez o regime escravista ao assinar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. A popularidade obtida nesse episódio lhe valeu o título de “A Redentora” – conferido pelo mulato e abolicionista José do Patrocínio – mas não foi o suficiente para garantir à dinastia dos Bragança e Orléans um Terceiro Reinado, descartado pela Proclamação da República, em 1889.
Em bate-papo, o jornalista e professor Clóvis de Barros Filho e Monja Coen Roshi, fundadora da comunidade zen budista do Brasil, falam de seu segundo livro em parceria, Despertar inspirado, da editora Citadel Grupo Editorial. Ao longo de 15 capítulos, a obra aborda temas que tratam de sentido da vida, autoconhecimento, aprendizado, simplicidade, sabedoria e gentileza.
A edição completa da PB #463 está disponível nas melhores bancas digitais.