Infraestrutura: base para crescer

01 de abril de 2022

O Brasil precisa mais do que dobrar os investimentos anuais em infraestrutura nos próximos 15 anos para melhorar a sua competitividade. São gargalos em logística, saneamento, energia e telecomunicações, que prejudicam a produtividade e limitam o potencial de crescimento do País.

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A reportagem de capa da PB discorre sobre os diversos problemas que inibiram os investimentos em infraestrutura nas últimas décadas: falta de planejamento a longo prazo, insegurança jurídica, crise fiscal e projetos mal estruturados. O encolhimento do estoque de infraestrutura, para 34% – na década de 1980, era próximo de 60% –, segundo levantamento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), demonstra que o Brasil não apenas deixou de investir em novos projetos como debilitou a estrutura preexistente, devido à falta de manutenção adequada.

Em 2021, os gastos totais no setor somaram R$ 137 bilhões, o equivalente a 1,69% do Produto Interno Bruto (PIB). Para alavancar a competitividade, seriam necessários, pelo menos, R$ 370 bilhões anuais até 2038 – ou 3,9% do PIB – em iniciativas públicas e privadas. Os dados são do relatório Infra2038, movimento que reúne consultores e líderes empresariais.

As projeções para 2022 são de R$ 170 bilhões a serem aplicados no setor. A alta deve ser puxada pelos setores de telecomunicações, transportes e saneamento, recentemente contemplados com marcos regulatórios. “O País começa a retomar o caminho de grandes investimentos em infraestrutura, o que vai provocar um impacto positivo a médio e longo prazos no crescimento”, analisa o economista Frederico Turolla, sócio da Pezco Economics.

O governo federal aposta na agenda de desestatizações de portos e aeroportos, a cargo do Ministério da Infraestrutura, que prevê o leilão de cerca de 50 ativos este ano, com um potencial de investimentos na ordem de R$ 166 bilhões, segundo avaliações do mercado. No triênio 2019/21, foram efetuados 115 leilões, com geração de R$ 125 bilhões em outorgas e expectativa de mais de R$ 500 bilhões de investimentos nos próximos anos.

O Brasil não apenas deixou de investir em novos projetos como debilitou a estrutura preexistente. Para alavancar a competitividade, seriam necessários, pelo menos, R$ 370 bilhões anuais até 2038 – 3,9% do PIB – em iniciativas públicas e privadas. Em 2021, os gastos no setor somaram o equivalente a 1,69% do PIB.

ENERGIA: O CAMINHO É DIVERSIFICAR

“A infraestrutura brasileira na área de energia elétrica é considerada uma das maiores e mais complexas do mundo, tendo em vista as condições impostas pela geração fortemente concentrada em usinas hidrelétricas de grande porte e distantes dos centros de consumo”, diz o engenheiro Alexandre Rocco, professor do curso de Engenharia Elétrica no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

Ele explica que o desafio do sistema elétrico brasileiro para os próximos anos será a adequação das suas redes de transmissão e distribuição para absorver outras fontes energéticas renováveis, atendendo às demandas impostas pela transição energética.

A boa notícia é que já começa a haver diversificação e uso de outras fontes – solar e eólica, principalmente –, que vêm ampliando espaço na matriz energética brasileira. Em relação à solar, o Brasil possui capacidade para produzir uma quantidade de energia semelhante ao gerado pela usina de Itaipu, cuja capacidade instalada é de 14 GW. O País ultrapassou, recentemente, a marca de 13 gigawatts (GW) de potência operacional, em grandes usinas solares e sistemas fotovoltaicos de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas e terrenos.  Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

No Brasil, as fontes de energia mais consumidas são as renováveis, com destaque para a hidráulica, na marca de 65%. Além da hidrelétrica, a matriz energética é dividida em: biomassa (9%), eólica (8%), solar (2%), carvão e derivados de petróleo (3%), nuclear (2%), e outras (1%).

METAS A CUMPRIR

O novo Marco Legal do Saneamento também traz boas perspectivas. Uma das diretrizes é aumentar a participação da iniciativa privada na expansão dos serviços. Estimativas assinalam investimentos de cerca de R$ 753 bilhões até 2033, para que seja possível levar acesso à água tratada para 99% da população, assim como coleta e tratamento de esgoto para 90% dos brasileiros. A média nacional é de 84,13% da população com o serviço de água potável. Com serviço de coleta, a média do País é de 54,95% dos brasileiros, enquanto a média dos 100 maiores municípios é de 75,69% da população com esse serviço. O Brasil trata 50,75% de todo o volume de esgoto gerado, e a média dos 100 maiores municípios é de 64,9%.

Na área de transportes, a competitividade brasileira tem relação direta com uma logística eficiente e integrada entre todos os modais – rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário. Essa integração pode elevar o Produto Interno Bruto (PIB) entre 6% e 11%, até 2035, segundo dados do governo federal e do Plano Nacional de Logística (PNL 2035).

A realidade, porém, ainda está distante do ideal. Há décadas, se discute que, apesar de suas dimensões continentais, com milhares de quilômetros de rios navegáveis e costa marítima, que atende cidades e regiões litorâneas de norte a sul, mais da metade (67%) do transporte de cargas nacional se dá por rodovias. Apesar da forte presença rodoviária, apenas 12,4% da malha é pavimentada, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Além da reportagem especial sobre infraestrutura, publicada na edição impressa e distribuída por mailing dirigido, nos próximos meses, publicaremos no site da revista conteúdos exclusivos sobre os gargalos estruturais que tornam os negócios mais custosos no País. A versão digital da publicação está disponível nas bancas digitais BANCAH e REVISTARIAS.

A edição traz um retrato de iniciativas que auxiliam mulheres interessadas em ocupar espaços públicos de poder e buscam reduzir a disparidade de gênero na política brasileira – o Brasil ocupa o 140º lugar no ranking de representação feminina no Parlamento. O levantamento é da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Interparlamentar (UIP).

POLÍTICA, TRABALHO E CULTURA

A edição traz ainda um retrato de iniciativas que auxiliam mulheres interessadas em ocupar espaços públicos de poder. Organizações, como  Todaz na Política, Tenda das Candidatas, Vamos Juntas, Política por/de/para Mulheres e Instituto Alziras, buscam reduzir a disparidade de gênero na política brasileira – o Mapa das Mulheres na Política 2020 mostra que o Brasil ocupa o 140º lugar no ranking de representação feminina no Parlamento. O levantamento é da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Interparlamentar (UIP).

Tendência no mundo do trabalho, o estilo de vida dos nômades digitais também ganha as páginas da PB. São trabalhadores, contratados ou autônomos, que atuam remotamente e estão sempre viajando e morando em cidades diferentes. Entendido por especialistas como fruto de uma nova era da ordem mundial, o chamado capitalismo flexível, esse grupo vem aquecendo o debate sobre a relação entre capital e trabalho. O Brasil, por exemplo, já criou seu visto específico para atrair nômades digitais: estrangeiros trabalhando remotamente podem permanecer por até dois anos no País, comprovando uma renda mensal de R$ 7,6 mil.

Na editoria Cultura, a edição #469 abre espaço para homenagear o centenário da eterna primeira-dama do samba, Dona Ivone Lara, com um perfil dedicado aos fatos marcantes e aos clássicos deixados por ela como legado à cultura brasileira. Dona de casa dedicada ao marido e mãe de dois filhos, que, durante 37 anos, trabalhou como enfermeira e assistente social, ela mostrou que também podia furar a casca do mundo masculino, tornando-se a primeira mulher a compor o samba-enredo de uma grande escola carioca, a Império Serrano.

A versão digital da publicação está disponível nas bancas digitais BANCAH e REVISTARIAS.

Redação PB Paula Seco
Redação PB Paula Seco