Centenas de usuários e beneficiários do Sesc e do Senac participaram da mobilização feita nesta terça-feira (16), em São Paulo, contra a aprovação de um projeto que prevê o desvio de 5% dos recursos das instituições. Representantes dos setores de comércio e serviços também marcaram presença no encontro ocorrido em frente ao Theatro Municipal de São Paulo.
A Medida Provisória (MP) 1.147/2022, já aprovada na Câmara, e em andamento no Senado, prevê que os recursos sigam para a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), órgão ligado ao Ministério do Turismo. Essa mudança vai resultar em fechamento de unidades e pode refletir nos empregos já gerados pelas instituições do Sistema S, assim como na oferta de cursos profissionalizantes.
O aspecto educacional, importante ferramenta de inclusão social, foi relembrado por Josiane, que esteve presente na mobilização. “Fiz um curso profissional na área de beleza no Senac há dez anos com uma bolsa de estudos. Atualmente, pago minhas contas, gero renda para a família e tenho uma vida digna graças à oportunidade que o Senac me deu. Esses 5% de corte nas verbas vai tirar a oportunidade de muitas mulheres sem condições de arcar com um curso profissionalizante”, disse ela ao destacar a importância social do Senac na sua formação.
Do ponto de vista do empregador, o desvio da verba vai debilitar o mercado de trabalho, como apontou Luis Cesar Bigonha, presidente do Conselho de Serviços da FecomercioSP e presidente do Sindicato Beleza Patronal. “Não sei o que seria do setor de beleza sem a formação profissional do Senac. Quantas manicures, cabelereiras e esteticistas o Senac deu ao mercado? Arrisco a dizer que, se não fosse a qualificação oferecida lá, o setor estaria em colapso.”
Já o enfoque cultural, principal pilar do Sesc, que estimula manifestações artístico-culturais, foi enaltecido pelo ator Celso Frateschi. “O Sesc tem muito a contribuir para o Brasil e particularmente para a cultura brasileira. Hoje, todos precisam defender o meio ambiente, a educação, a saúde e o desenvolvimento social, e o Sesc concentra tudo isso”, afirmou Frateschi.
De forma geral, estima-se que o Sesc feche 36 unidades e demita 1.994 empregados. A diminuição do orçamento seria responsável ainda pelo fechamento de 29 centros de formação profissional do Senac e a eliminação de 1.623 vagas de trabalho. Haveria reflexos ainda na quantidade de atendimentos gratuitos e na distribuição de alimentos por meio do Sesc, assim como na redução de matrículas gratuitas oferecidas pelo Senac.
É para impedir o desmonte de parte da estrutura do Sesc e do Senac que a manifestação foi para a rua nesta terça-feira. Entre as celebridades estavam os atores Alexandre Borges, Paschoal da Conceição, Cacá Carvalho e Guilherme Weber, além de José Vicente, reitor e diretor geral e acadêmico da Faculdade Zumbi dos Palmares. Muitos outros artistas também estiveram reunidos para defender a manutenção integral dos serviços do Sesc do Senac.
Em razão dos impactos nos serviços prestados à população, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) tem se mostrado contra a aprovação do texto da MP 1.147/2022 da forma como está.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) lançou um abaixo-assinado para a população se manifestar contra a medida. Mais de 650 mil assinaturas foram coletadas até o momento.