entrevista

“Narciso em férias”

12 de setembro de 2020
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Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil e coproduzido pela VideoFilmes, dos irmãos Walter e João Moreira Salles, Narciso em férias relembra a prisão de Caetano Veloso durante a ditadura militar. Ele e Gilberto Gil foram retirados de suas casas, em São Paulo, por agentes à paisana em 1968, dias depois de decretado o AI-5. Caetano passou uma semana em uma solitária e 54 dias encarcerado.

“Depois de muito tempo – mas o que era ‘muito tempo’? –, comecei a procurar por mim mesmo na pessoa que dormia e acordava no chão daquele lugar odioso, cuja imutabilidade impunha-se como prova de que não havia (nunca houvera) outros lugares. Se nunca ver ninguém era um fato que contribuía decisivamente para criar essa impressão, uma outra limitação – quase perpetuou por todo o período da prisão – a intensificava: não ter acesso a espelhos. Com efeito, por dois meses, não vi meu próprio rosto.” 

O trecho acima é parte do capítulo Narciso em férias, do livro Verdade tropical, de Caetano, que dá nome – e mote – ao novo documentário que estreou na última segunda-feira (7) na Globoplay e no 77º Festival de Veneza, na Itália.

O filme surgiu após inquietação de Caetano e Paula Lavigne, esposa do artista e produtora do filme, com o avanço das forças conservadoras no País, na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. “Embora Caetano não fale diretamente sobre o momento atual no filme, ele está muito presente nas entrelinhas”, conta Calil. “Sempre me interessei muito pela década de 1960, não conseguia entender como o País ficou tão polarizado e como tinha acontecido tudo aquilo na época. Fomos entrando nesta doideira, fui entendendo. Mas o filme não é uma denúncia. É somente Caetano conversando com suas memórias no momento em que foi preso, com um jeito de contar muito atraente e poético”, explica Renato.   

Renato Terra e Ricardo Calil são parceiros de longa data. Trabalharam juntos na área de comunicação em uma empresa de internet no início dos anos 2000, dirigiram outros dois longas juntos: Uma noite em 67, em 2010, e Eu sou Carlos Imperial, em 2016, e hoje integram a equipe de roteiristas do Conversa com Bial, da TV Globo. Ambos são pais de três (Renato tem uma menina e dois meninos; Ricardo, três meninas) e admiradores de Caetano desde a adolescência. Renato é também colunista da Folha de S.Paulo

O capítulo “Narciso em férias”, da biografia Verdade tropical, vai virar livro. A Companhia das Letras está preparando uma edição especial, com o pôster do filme na capa. A obra é dedicada a Irene, uma de suas irmãs, e única música que compôs na prisão. Ao fim do livro, os relatórios da ditadura foram anexados.

A Problemas Brasileiros conversou, separadamente, com os diretores por telefone.

Renato Terra e Ricardo Calil, diretores do documentário “Narciso em férias”

PB – Por que Paula Lavigne [produtora do filme] decidiu fazer o filme com recorte na prisão de Caetano?

Renato Terra – Alguns relatórios secretos do AI-5 que nunca tinham sido revelados chegaram às mãos de Caetano no começo de 2018. Ele foi preso em 1968, então, esses relatórios ficaram 50 anos em sigilo. O pesquisador Lucas Pedretti encontrou estes documentos, que têm até umas denúncias meio “tabajara”, acusando Caetano de cantar uma música chamada “Che”, que ele nunca compôs, nem sabe o que é. Tem também transcrições do interrogatório do Caetano na prisão. Isso mexeu muito com ele. A iminência de um governo de extrema-direita nas eleições em 2018 também fez com que ele e Paula achassem que era o momento de contar esta história.

PB – Como Paula chegou até vocês?

Renato Terra – Conheci Caetano quando fizemos o Uma noite em 67. Nos reencontramos no programa do Bial, no fim de 2017, quando ele estava lançando Ofertório, junto com os filhos. Eu amo fazer pesquisa de arquivo e acabei encontrando uma película do Caetano que ele nunca tinha visto, com o Moreno e a Dedé [Andréa Gadelha, ex-esposa de Caetano]. Ele ficou muito feliz em ver isso no programa. Calhou de a gente se encontrar no aeroporto e voltar para o Rio de Janeiro no mesmo voo. Logo em seguida, nos encontramos em uma feijoada de um amigo em comum, no Leblon. Caetano estava com Paula e começamos a conversar. Nós nos demos superbem, e ela começou a me chamar para as reuniões na casa dela. Depois, ela me convidou para dirigir o filme.

PB – Qual era a relação de vocês com Caetano na vida? Eram fãs desde sempre?

Renato Terra – Tive a fase de transição. Primeiro, gostava mais do Chico [Buarque] e fui descobrindo aos poucos a obra do Caetano – que é uma espécie de ideia de Brasil. A gente consegue entender o que está acontecendo na vanguarda internacional. Ela mistura com a nossa alma, com a nossa tradição, e vira uma palavra nova para o mundo. Uma palavra com muita liberdade e afeto. Caetano é uma ideia de construção social que me enche os olhos.

Ricardo Calil – Sabe esta brincadeira de levar uma obra para uma ilha deserta? Eu escolheria o Caetano. Inclusive, no campo da literatura, também. Passei este gosto para as minhas filhas. Elas adoram. Eu fiz quatro documentários, e três deles têm Caetano. Em Cine Marrocos [2018], coloquei uma música que é uma das minhas preferidas, a “Nine of Ten”. E ela não está só na trilha. Toda a equipe do filme ficou ouvindo exaustivamente durante o processo. Foi o hino do filme. Isso dá um pouco da medida de como gosto de Caetano [risos].

PB – Como foi reviver o momento político de 1968 no filme, em meio a esta onda de conservadorismo que enfrentamos, novamente, no Brasil?

Renato Terra – Foi muito doido. Sempre me interessei muito pela década de 1960 e não conseguia entender como o País ficou tão polarizado, como tinha acontecido tudo aquilo na época. Fomos entrando nesta doideira, fui entendendo. Mas o filme não é uma denúncia. Não é um filme político. O João [Moreira Salles, que coproduziu o filme pela VideoFilmes] assistiu ao filme e disse: “Adorei o tom, ele não se coloca nem como vítima, nem como herói”. O filme é Caetano conversando com suas memórias no momento em que foi preso, com um jeito de contar muito atraente e poético. Mas é claro que não tem como não fazer um paralelo com o que está acontecendo hoje. Caetano foi preso na época por causa de fake news, por exemplo. Ele fazia um show com Os Mutantes e Gil numa boate na Lagoa [no Rio], e inventaram que ele tinha cantado o hino nacional em ritmo de Tropicália –como se esse ritmo existisse. Esse foi o motivo alegado no interrogatório dele. Só que ele nunca fez isso. Havia uma estrutura de criação de boatos e notícias falsas para incriminar os inimigos do governo – muito próximo ao está acontecendo hoje. O ataque à imprensa também é parecido, a polarização… Aliás, não aguento mais pronunciar essa palavra [risos].  Há também uma certa raiva do comunismo, que nem existe mais. É somente uma forma de fazer com que as pessoas tomem atitudes dramáticas e impensadas. À medida que você alimenta este medo, vai abrindo espaço para medidas fora de controle. Não à toa o governo tem citado sempre o AI-5. Mas também temos diferenças gigantescas com aquele período. Depois do AI-5, fecharam o Congresso, existia a censura prévia e o Estado institucionalizou o sequestro de pessoas. Caetano, na verdade, foi sequestrado. Foram na casa dele sem nenhum documento formalizado. A família nem sabia onde ele estava. E havia também a institucionalização da tortura. Mas nesta trilha que a gente percorreu para chegar à burrice que foi o AI-5, tem alguns passos iguais aos que estamos dando agora.

Ricardo Calil  A gravação da entrevista foi feita alguns dias antes do primeiro turno das eleições de 2018. Embora Caetano não fale diretamente sobre o momento atual no filme, mesmo assim está muito presente nas entrelinhas. Ele estava muito sensibilizado com a ascensão da extrema-direita no País, que acabou se confirmando depois. Eu também estava muito preocupado. Nada disso está nas palavras, mas está no ar da gravação, de uma maneira quase palpável. O filme não explicita o paralelo com o momento atual, mas os espectadores vão pensar no presente automaticamente.

“O filme é Caetano conversando com suas memórias no momento em que foi preso, com um jeito de contar muito atraente e poético. Mas é claro que não tem como não fazer um paralelo com o que está acontecendo hoje. Caetano foi preso na época por causa de fake news, por exemplo.”

PB  O filme vai chegar a esta extremadireita?

Ricardo Calil – Não sou otimista a este ponto. Acho que eles vão odiar o filme sem tê-lo visto. As pessoas estão com posições políticas muito fincadas no chão. Mas adoraria que o filme fosse visto por pessoas de todas as ideologias, que esta relação com o passado chegasse ao presente como uma história que não vale a pena ser repetida.

PB – O filme não foi feito na casa de Caetano, mas numa sala vazia com paredes de cimento queimado. Por que a escolha de um cenário minimalista para a entrevista?

Renato Terra – A entrevista foi feita em um dia só, numa sala meio abandonada na Cidade das Artes [zona oeste do Rio]. A sala, em si, já dizia alguma coisa. Quando gravamos, intuí que o filme deveria ser apenas com Caetano. E qualquer coisa que a gente colocasse ali tiraria a força dele. No minimalismo, tudo importa. Escolhemos a dedo se o plano seria aberto ou fechado, porque no momento em que você entra no “modo Caetano” de contar, cada pausa é importante, cada troca de olhar fica evidenciada. Você não é bombardeado de informações. Só tem imagens de arquivo no fim do filme, por exemplo. Assim que a gente terminou, falei para Calil: “Cara, o filme é só Caetano”. Porque a ideia inicial era entrevistar outras pessoas, como Perfeito Fortuna, Bethânia, Gil… Mas fizemos um “copião” só com Caetano e mostramos para algumas pessoas. E achamos que o filme era só ele.

Ricardo Calil – A gente não queria fazer uma entrevista confortável, no ambiente dele, na casa dele. A sala que escolhemos combina com a proposta minimalista do filme e remete à prisão, de uma maneira delicada. Aquela escassez… É um filme muito concreto, no sentido de ser um filme sem adjetivos. Essa concretude do ambiente combina com a concretude do relato. A gente queria que as pessoas tivessem a experiência do Caetano. Qualquer firula seria excesso.

PB – Renato, você trabalhou alguns anos com João Moreira Salles, na revista Piauí. Qual a influência dele e de Eduardo Coutinho [morto em 2014] no filme?

Renato Terra – Tive a sorte gigantesca de ter convivido com João. Ele me ensinou duas coisas que levo para todos os meus filmes. A primeira é uma frase de Alberto Cavalcanti, que dizia: “Se quero contar a história dos Correios, o filme deve ser sobre uma carta”, ou seja, é muito importante escolher um tema fechado e se aprofundar. Foi o caso de Uma noite em 67, que falamos de uma noite, mas, na verdade, era sobre a era dos festivais. Em Narciso, chegamos a uma estrutura bem parecida, porque, no fim, a gente não fala só sobre a prisão de Caetano. Outro ensinamento de João: um bom documentário não é didático, não vem com ideias prontas e pré-concebidas. Deve ser uma experiência. O espectador precisa vivenciar o que você está mostrando a ele. Já Coutinho cruzava nos bastidores da VideoFilmes [que ficava no mesmo prédio da Piauí]. Ele adorava conversar sobre música. Lembro que uma vez disse: “Caetano é gênio e sabe que é. Não faz falsa modéstia”. Eu estudei muito o cinema de Coutinho. Sou o louco do DVD até hoje. Adoro ficar vendo faixa comentada e making of. Ao longo da trajetória de Coutinho, ele foi tirando elementos. Foi eliminando imagens de arquivo, roteiro, tudo o que não era essencial, para ver até onde o cinema ficava em pé. Eu me inspiro muito nele. Na época de Uma noite em 67, Coutinho me perguntou se o filme tinha um grande silêncio, e não tinha. Fui entendendo que entrevista para documentário é bem diferente de qualquer outro tipo. Na TV, busca-se um ritmo, no jornal também. Mas no documentário, você está em busca de cenas. Outra coisa que João me ensinou é que se a gente fizer uma entrevista para documentário, não se deve levar papel. Apenas olhar no olho da pessoa, entender os gestos, as pausas e os silêncios. As melhores perguntas para ele são as que uma criança faria: “Como?”; “Por quê?”… No filme, tem uma cena em que Caetano se emociona muito e chora. Fiquei olhando e pensei: “Este silêncio é bom, a cena está boa”. Mesmo assim, fiquei na dúvida: “Pergunto ou não?”. Acabei perguntando na sequência. Mas devia ter deixado ele sair do silêncio sozinho. O documentário é um exercício de ouvir o outro, verdadeiramente. A melhor pergunta que fiz no Uma noite em 67 foi para Chico, quando ele estava falando sobre tropicalismo: “Como assim?”. Então, ele falou de uma maneira diferente, muito mais solta. E entrou no filme. Para este tipo de pergunta, você precisa estar muito ligado. Se eu estivesse com um papel, teria pulado para a próxima pergunta – e não teria sentido que ele tinha mais coisas para falar.

PB – Como vai ser lançar o filme em meio à pandemia, sem salas de cinema, sem pré-estreia, sem amigos convidados?

Renato Terra – A gente vai estrear no Festival de Veneza na segunda, às 9h do Brasil. E à tarde vai entrar na Globoplay. Mas não vamos poder estar lá, porque brasileiro virou uma espécie de “leproso”. Queria muito ir, Caetano também, mas, realmente, não conseguimos. Tenho uma lembrança maravilhosa da estreia dos meus outros filmes. É muito legal você descobrir como o filme bate nas pessoas na sala de cinema; elas riem de um momento que você nem imaginava que seria engraçado, por exemplo. Em Uma noite em 67 foi absurdo, as pessoas cantavam até as músicas no cinema! A plateia reagiu de uma maneira muito intensa. Isso é muito legal. No filme Fla x Flu, também. Tinha cantos de torcidas, as pessoas vinham falar comigo depois da sessão. Isso é muito rico. Estou sofrendo um pouco com isso, mas vai ser importante estrear e ser visto. Afinal, mesmo antes da pandemia, quem estava indo ao cinema ver documentário? Acho que no streaming ele vai ser mais visto do que em condições normais e se o filme estivesse no circuito de cinema, infelizmente.

Ricardo Calil – A gente estava acostumado com o mundo antigo. Com sorte, você entra no circuito de festivais; depois, nos cinemas; e, só depois, na TV ou no streaming. Mas o mundo mudou. Ao mesmo tempo em que o filme está sendo apresentado ao mundo pela primeira vez, ele também está chegando massivamente a todos os espectadores. É um filme que achamos importantíssimo ser visto. Claro que sou suspeito para falar [risos], mas ele dialoga com o presente do Brasil. Ficaria triste se fosse apenas um filme de festival que, depois, fosse para a gaveta. Acho que vai chegar a mais pessoas. Porque o cinema virou um entretenimento caro, além de inviável neste momento.

“Não sou otimista a ponto de achar que a extrema-direita vai ver o filme. Acho que eles vão odiá-lo sem tê-lo visto. As pessoas estão com posições políticas muito fincadas no chão.” Ricardo Calil, diretor do documentário

PB – Como foi trabalhar com um casal no filme, Paula e Caetano?

Renato Terra – A relação deles brincando, que a gente vê no Instagram, é uma coisa que eu via o tempo inteiro. Eles são muto engraçados juntos, têm uma relação muito leve, divertida. Caetano é absurdamente simples. No Bial, ficamos conversando sobre séries, ele ficou me contando o que estava vendo. Ficamos um “tempão” falando besteiras. E tem uma coisa: as pessoas ficam tão deslumbradas perto de Caetano que acham que precisam falar de Heidegger ou de Nietzsche com ele. E ele se cansa disso. Porque, às vezes, ele quer falar besteira, quer falar sobre fofocas [risos].

Renato Calil – Paula tem a virtude de ser uma pessoa que faz as coisas acontecerem. Ela é muito objetiva e obstinada. É ótimo trabalhar com ela, porque bota as coisas no chão para acontecer. A dinâmica dos dois é muito bonita, porque Caetano é da reflexão, e Paula, da ação. São complementares.  

PB – Qual a cena preferida de vocês no filme?

Renato Terra – Quando Caetano conta a história de quando Dedé conseguiu entrar na cela e levou uma revista Manchete para ele, com as primeiras fotos da Terra tiradas do espaço, que deu origem à música “Terra”. É bonito ele folheando a revista, lendo as legendas. Ele lembrou que o sargento que deixou Dedé entrar na prisão acabou sendo preso – e começou a chorar muito. Tivemos de parar a entrevista para ele ir ao banheiro. Quando voltou, pensei: “Caramba, como retomo a entrevista?”. Tive uma sacada: “Vamos cantar ‘Hey Jude’?”. Ele topou e transformou aquele sentimento ruim com a música, a qual ele tinha uma superstição superpositiva. Na cadeia, Caetano criou algumas superstições: começou a ouvir as músicas que tocavam nas rádios dos militares e a dar pontos para as que ele achava que fossem boas. Fazia um cálculo na cabeça dele. Se aparecesse uma barata, e ele conseguisse matá-la – o que era uma coisa boa –, ganhava pontos. Com esta conta, ele conseguiu adivinhar, com precisão, o dia em que seria solto. Uma coisa muito doida. E ele conta no filme que “Hey Jude” era a música mais positiva, ou seja, a que tinha mais pontos. Tem também uma cena muito bonita, ao fim do filme – contém spoiler [risos]: Caetano conta que, ao chegar em casa, depois da prisão, achava que tinha enlouquecido. Ele se olha no espelho e não reconhece a pessoa que vê. Começa, então, a andar pela casa, a pirar. O pai dele o olha no fundo dos olhos e fala: “Não me diga que estes filhos da puta deixaram você nervoso”. Imediatamente, ele recobrou a razão, porque o pai dele nunca falava palavrão. Tem esta história de os pais trazerem a gente à razão, a vida inteira. É uma situação que todo mundo se identifica. Lembrei muito do meu pai e da minha mãe quando ele cantou “Hey Jude”. Eles já morreram, mas lembro muito deles no filme. Nestes dois momentos, lembrei especialmente.

Ricardo Calil – A minha cena preferida no filme também é esta da cena da revista. É a de maior carga dramática, sem dúvida. Caetano fica muito sensibilizado. Mas tem momentos bons de humor, como quando ele lê trechos do relatório sobre a sua prisão, e um que diz que ele é um subversivo e “desvirilizante” – ou seja, alguém que poderia influenciar na falta de virilidade ou de “macheza” dos homens. A gente está, até agora, tentando traduzir estes termos [risos]. É um dos momentos do filme em que ele gargalha, apesar do tema difícil. Tem momentos que mostram esta leveza, mas também revela o despreparo dos militares que o prenderam. Eles não entendiam o que ele fazia.

PB – O filme foi dedicado a alguém?

Renato Terra – Não foi, porque não dependia só de mim. Mas se fosse, seria a Coutinho.

Ricardo Calil – Caetano e Renato podem ter respostas diferentes, mas se eu fosse dedicá-lo, seria a Eduardo Coutinho.

Denise Meira do Amaral Fotos diretores: Dudu Levy | Videofilmes - Divulgação
Denise Meira do Amaral Fotos diretores: Dudu Levy | Videofilmes - Divulgação
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