A história da fotografia reflete a transformação contínua da sociedade e da tecnologia. Desde as primeiras técnicas fotográficas até as modernas plataformas digitais, a técnica continua viva como uma testemunha silenciosa e poderosa da história, que eterniza, por gerações, momentos importantes.
Muitos integrantes da geração Z (nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010) talvez nunca tenham visto ao vivo uma câmera fotográfica analógica, daquelas que é preciso comprar o filme, inseri-lo no equipamento e esperar dias para ter os registros revelados. Apesar de a tecnologia ter mudado completamente a experiência das pessoas com a fotografia, o seu impacto emocional permanece intacto até os dias de hoje. Em 2023, o advento da técnica completa 183 anos no Brasil. São quase dois séculos servindo como ferramenta fundamental para o País entender a própria história, mesmo em momentos de censura e cerceamento da liberdade.
O fotojornalismo brasileiro desempenhou um papel crucial em documentar os eventos que moldaram a Nação. Durante a Revolução de 1930, profissionais capturaram a agitação política. Nos tempos sombrios da ditadura militar (1964–1985), enfrentaram riscos ao denunciar a repressão e fazer parte da resistência.
Imagens icônicas, como a do estudante Edson Luís, morto durante um protesto, refletiram a brutalidade do regime. Fógrafos como Evandro Teixeira e Luiz Inácio de Souza criaram um registro visual corajoso das injustiças e da luta pela liberdade.
Entretanto, o fotojornalismo nacional não se limitou a documentar questões políticas. Cristiano Mascaro capturou a evolução das cidades. A cobertura esportiva trouxe à tona a paixão do Brasil pelo futebol. Desastres naturais, como enchentes e deslizamentos, foram registrados, com destaque para a resiliência das comunidades afetadas. José Medeiros e Marcel Gautherot definiram uma estética moderna, enquanto Sebastião Salgado trouxe à tona questões sociais e ambientais, conquistando prestígio e reconhecimento no mundo todo.
A história da fotografia remonta à câmara escura dos árabes medievais e à primeira imagem permanente capturada pelo inventor francês Joseph Nicéphore Niépce, em 1826. A evolução dos processos levou ao daguerreótipo de Louis Daguerre e ao calótipo de William Henry Fox Talbot. Já a fotografia colorida, a inovação digital e a era das câmeras portáteis marcaram os avanços tecnológicos.
A ideia de capturar imagens de forma permanente existe há muito tempo. Civilizações antigas, como os egípcios e os gregos, que utilizavam câmaras escuras rudimentares para projetar imagens em superfícies planas. No entanto, esses retratos não eram fixados de forma permanente. No século 11, o filósofo árabe Alhazen descreveu o invento: uma caixa escura com um pequeno orifício que projetava uma imagem invertida em uma superfície interna. Essa invenção foi a precursora das câmeras mundialmente conhecidas. Mas a primeira fotografia permanente surigiria somente no século 19 pelas mãos do inventor francês Joseph Nicéphore Niépce, em 1826. Ele usou uma placa de estanho revestida com betume da Judeia e expôs a placa à luz do sol por várias horas para criar uma imagem. Em 1839, Louis Daguerre aprimorou esse método, criando o daguerreótipo. A técnica utilizava uma placa de cobre revestida com prata sensível à luz e ao mercúrio vaporizado para desenvolver a imagem. O equipamento se tornou a primeira forma popular de fotografia.
A ideia do negativo e positivo, que persiste até os dias atuais, surgiu dois anos depois do daguerreótipo, pelo inventor inglês William Henry Fox Talbot, que desenvolveu o processo de calótipo. Ele criou negativos a partir dos quais múltiplas cópias positivas podiam ser impressas. Já o conceito colorido foi desenvolvido no final do século 19 e popularizado em 1907, por meio do procedimento de autocromo dos irmãos Lumière, também conhecidos como os “pais do cinema”.
Exatamente nesse momento da história, surge a marca que revolucionou e popularizou em definitivo a técnica pelo mundo: Kodak. A empresa norte-americana lançou câmeras portáteis de filme flexível, como a Brownie, tornando a fotografia mais acessível ao público em geral, no início do século 20.
A passos largo, a Kodak desenvolveu os sensores de carga acoplada (CCD) e criou a primeira imagem digital, em 1975, por Steven Sasson. A partir dos anos 1990, a fotografia digital se tornou mais acessível e popular. Câmeras digitais compactas, posteriormente acopladas aos smartphones, permitiram a captura, o armazenamento e o compartilhamento de imagens de forma rápida e conveniente.
Graças à tecnologia digital, hoje, qualquer um pode registrar cenas pelos aparelhos pessoais, impactar milhares de pessoas em segundos e conhecer lugares que o ser humano jamais seria capaz de chegar — como áreas subaquáticas abissais. Ou, ainda, captar imagens de satélites da exosfera que nos dão, em tempo real, a situação de mares, continentes e clima, além de toda a forma, cor e dimensão que conhecemos do nosso universo, que só foi possível de ser imaginado graças à foto.
Os caminhos que a fotografia, aliada à tecnologia, pode alcançar são infinitos, ainda que seja impossível de mensurar a importância desses registros para a existência humana desde os seus primórdios. O fascínio de um momento eternizado em uma imagem — seja por lembranças pessoais, seja por fatos históricos relevantes para um país — sempre falará mais do que qualquer palavra dita, escrita ou digitada.
Estrelas brasileiras
Sebastião Salgado: um dos fotógrafos brasileiros mais renomados internacionalmente pelo seu trabalho focado em questões sociais e ambientais. Já recebeu diversos prêmios, incluindo o Internacional de Fotografia Hasselblad (1989), o Princesa das Astúrias (1998) e o Emmy de Notícias e Documentários (2013).
Araquém Alcântara: conhecido por suas imagens icônicas da natureza e dos povos indígenas do Brasil. Recebeu premiações como o Internacional de Fotografia Terra (2005) e o Abril de Jornalismo (1996).
José Medeiros: pioneiro do fotojornalismo no Brasil, teve seus retratos exibidos em várias galerias ao redor do mundo. Também recebeu prêmios, como o Esso de Jornalismo em Fotografia (1982).
German Lorca: reconhecido como um dos fotógrafos mais técnicos do País, construiu a carreira toda consolidada no estilo preto e branco, retratando o cotidiano dos brasileiros. Destacou-se também no ramo da publicidade, ganhando prêmios importantes como o Colunistas, da revista Meio & Mensagem, em 1985 e 1989.
Luiz Maximiano de Sena: um dos fotógrafos mais premiados do Brasil. Recebeu diversos prêmios Esso de Jornalismo em Fotografia e foi reconhecido com o Prêmio W. Eugene Smith.
Walter Firmo: conhecido nacional e internacionalmente como autor de retratos antológicos da velha-guarda do samba, como Cartola, Pixinguinha e Dona Ivone Lara. Tem cinco livros publicados e empilha premiações, sendo sete vezes vencedor do Concurso Internacional de Fotografia da Nikon.
Mauricio Lima: ganhou o Prêmio Pulitzer de Fotografia de 2016, ao lado dos colegas da equipe da Agência Reuters, por sua cobertura dos refugiados sírios.
Ricardo Stuckert: um fotógrafo de documentários, conhecido pelas fotos do líder indígena brasileiro Raoni Metuktire e por registrar diversos presidentes do Brasil. A sua cobertura das eleições de 2002 rendeu o Prêmio Esso daquele ano e também foi premiado com o Prêmio Rei da Espanha.
Bob Wolfenson: fotógrafo renomado nos mundos da moda e da publicidade, foi responsável por capas de revistas icônicas pelo mundo todo. Já recebeu diversos prêmios, incluindo o Phytoervas Fashion Awards (1997) e o de melhor fotógrafo de publicidade pela Fundação Conrado Wessel (2004).