Bernardo Ivo Cruz, secretário de Estado da Internacionalização de Portugal, abre a série de entrevistas Duas gerações de Brasil: de onde viemos e para onde vamos, produzida pelo Canal UM BRASIL e a Revista Problemas Brasileiros (PB) durante a BRASA EuroLeads 2023, em Lisboa.
Em conversa com Renato Galeno, Cruz afirma que a invasão russa da Ucrânia renovou o propósito de organismos internacionais, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia. Ele explica o posicionamento da Europa sobre o assunto e também fala das adversidades que o mundo enfrenta coletivamente, como as mudanças climáticas e a transição digital, que, acredita, podem ser superadas de forma mais fácil a partir do fortalecimento das relações bilaterais e continentais que ligam Brasil e Portugal – e América Latina e Europa.
Felizmente, segundo ele, há a possibilidade de solidificar esta aproximação para que os países funcionem melhor juntos. “Esta capacidade de aproximação tem de ser bem aproveitada. No caso da transição digital, será uma revolução gigantesca que se aproxima a passos muito largos e, embora a gente não esteja percebendo, vem com muita força. Não há um país ou um grupo de países que consiga enfrentar tudo isso sozinho”, salienta o secretário de Estado da Internacionalização de Portugal.
Cruz comenta, ainda, que apesar das diversas afinidades que aproximam América Latina e Europa, a relação entre os continentes, hoje, “está um pouco perdida” e precisa ser recuperada. “Quando Portugal e Brasil se juntam, há uma possibilidade maior de recriar esta ponte e reforçar o necessário laço de amizade”, diz. O mesmo vale para as relações comerciais. O secretário lembra que Portugal é a nação que dispõe de mais acordos com o Brasil, mediante políticas públicas e tratados internacionais consistentes que ligam ambos.
Outro ponto destacado é a modernização da economia portuguesa nas últimas décadas, por meio da complexidade econômica que elevou salários, diversificação e especialização: “Hoje em dia, somos uma economia de grande tecnologia, respostas técnicas elaboradas e sofisticadas, que vende ao mundo todo, com indústrias que cobrem todas as áreas de conhecimento e que competem com outras nações. Frente a isso, a forma como Portugal olha para a sua política externa também mudou: mesmo setores mais tradicionais – como produção agroalimentar, de vinhos e de sapatos – deram grandes saltos tecnológicos”.
Este fator, nas palavras de Cruz, tem mudado a forma como as empresas brasileiras e portuguesas olham para o ambiente de negócios de cada país. “Agora, precisamos aprofundar a relação neste quadro de novas economias e novas ofertas”, adverte.
Assista à entrevista na íntegra: