“Os brasileiros têm menos fé nas possibilidades da democracia”

23 de abril de 2021

O País precisa de união em torno das possibilidades da democracia e da busca por estabilidades política e econômica, afirma o brasilianista Marshall Eakin, na primeira entrevista da série Brasil Visto de Fora, parceria da revista PB com o Canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

Wesley Damiani Bruck Nogueira

“Os brasileiros, assim como muitos no mundo, têm menos fé nas possibilidades da democracia. O porcentual de pessoas no Brasil que vão votar tem diminuído ao longo das décadas, desde 1988. Os cidadãos do País têm de ter a visão de que eles podem votar e influenciar na construção de um futuro mais democrático e mais justo”, argumenta.

Eakin é professor da Universidade Vanderbilt (Estados Unidos), historiador da América Latina e especialista em História do Brasil. É autor do livro Becoming Brazilians [“Tornando-se brasileiros”], sobre a formação da identidade nacional. Esta entrevista é a primeira da série Brasil Visto de Fora, realizada em parceria com o Canal UM BRASIL. A série, comandada pelo jornalista Daniel Buarque, vai ganhar novos episódios até o fim de 2021, com entrevistas em áudio pelo podcast da revista PB e por vídeos no Canal UM BRASIL. O projeto também conta com o apoio cultural da revista Piauí.

No bate-papo, o escritor também ressalta que o Brasil, com sua grande economia, neste momento do começo do século 21 – assim como a China, a Rússia e os Estados Unidos –, tem possibilidades que a maioria dos países não tem. “O País ainda existe dentro da economia mundial e das estruturas globais, mas as possibilidades quanto ao futuro estão nas mãos dos brasileiros”, pondera.

Na entrevista, ele também fala sobre a busca do País por uma identidade nacional. Na visão, de Eakin, havia um “consenso de elite” que dirigia a política brasileira nas várias décadas do Império e da Velha República. Contudo, isso colapsou em torno de 1930, e, quase um século depois, nenhum outro consenso político foi encontrado.

“Houve uma tentativa [de encontrar esse consenso] durante o Estado Novo, mas não funcionou. Nos 19 anos de experimento com a democracia, entre 1945 e 1964, [esta busca] também teve um colapso. Entre 1964 e 1985, não havia consenso, mas uma direção imposta. Depois de 1985, e há quase 40 anos, a história brasileira ainda está atrás de algum tipo de estabilidade política. Qual será a base desse consenso é a pergunta a ser feita à identidade nacional”, alerta.

Assista na íntegra a entrevista acima!

Wesley Damiani Bruck Nogueira
receba a nossa newsletter
seta