A expressão “nova economia” surgiu no fim da década de 1990 com o objetivo de descrever a transição estrutural de uma economia majoritariamente industrial para uma economia centrada em serviços. A partir do desenvolvimento da tecnologia, as principais características da nova economia foram aparecendo: organizações menos hierarquizadas, mais transparência e responsabilização, métodos ágeis de gestão, foco no consumidor, preocupação em inovar constantemente, entre outras. Não há qualquer negócio (ou pessoa) que não seja impactado direta ou indiretamente por este movimento.
Segundo o Comitê Gestor da Internet (CGI.br), em 2019, o Brasil alcançou 134 milhões de usuários na web, os quais podem consumir todo tipo de serviço ou produto. Por outro lado, 84% dos agricultores utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta na produção (Embrapa/Sebrae/INPE). E a indústria já observa um aumento médio de 22% na produtividade das pequenas e médias empresas que utilizam ferramentas digitais (CNI/Senai). Contudo, será que as políticas públicas do Brasil estão ajudando a criar um desenvolvimento sustentável da nova economia?
Não é de hoje que o Estado pensa alternativas para, de fato, entrar de vez nessa nova economia. Prova disso é a Estratégia Brasileira de Transformação Digital, publicada em 2018 (Decreto 9.319). Nela, encontramos um plano para impulsionar a digitalização da economia, por meio de acesso às tecnologias, pesquisa, educação e capacitação. Passados dois anos de existência da estratégia, quais foram os resultados observados? Em 2019, o governo publicou outra importante norma: o Plano Nacional de Internet das Coisas (Decreto 9.854). Documento que estabeleceu uma série de objetivos para o fomento deste tipo de tecnologia e criou um órgão consultivo formado por diversos ministérios a fim de avaliar a implementação da estratégia. Após um ano, quais foram os impactos? Em 2020, mais um grande plano. O governo publicou a Política Nacional de Inovação (Decreto 10.534), com o objetivo de estimular soluções tecnológicas, ampliar a formação e a capacitação para a nova economia e criar uma “cultura de inovação empreendedora”.
Neste mesmo ano, o Executivo criou também o Comitê Nacional de Iniciativas de Apoio a Startups. Para não falar de uma agenda pública que vem produzindo ótimos resultados, o Banco Central (BC) possibilitou o PIX (pagamentos instantâneos) e avançou na implementação da governança do Open Banking, um grande banco de dados que permitirá que novos serviços e produtos sejam criados. Uma agenda que está dinamizando o mercado e ampliando a concorrência. O que podemos desde já afirmar é que o Executivo Federal, salvo raras exceções, é muito bom em formular planos, mas pouco eficiente em executá-los. Não se trata de receber benesses, mas partir do pressuposto que todos os atores – iniciativa privada, sociedade civil organizada, academia e governo – devem trabalhar diuturnamente para executá-los.
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