O Brasil de 2023

05 de agosto de 2022

Chegamos às vésperas das eleições presidenciais na “ressaca” das crises sanitária e econômica, que se refletem na precarização de políticas públicas para combater problemas históricos, acentuados nos últimos dois anos.

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Na expectativa de traçar um retrato (não definitivo, é claro) do País, a edição #471 (agosto/setembro) da PB aprofunda análises sobre questões elementares. Estão em debate o enfrentamento do desemprego, o combate à inflação, a reversão dos índices de insegurança alimentar bem como dos déficits na educação e a questão da conectividade digital, que afeta regiões afastadas dos grandes centros urbanos.

Ao observar as taxas de ocupação, verifica-se que, no fim do primeiro semestre deste ano, houve queda do número de desocupados e expansão dos empregos formais. A taxa de desemprego recuou de 11,1% para 9,3% no segundo trimestre de 2022, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mas o cenário do trabalho não está isento de desafios. Um deles é o número recorde de informais (40% da população ocupada), que compromete a qualidade dos empregos gerados, sem contar que a renda real segue encolhendo.

A edição traz ainda um histórico da problemática da inflação no Brasil, explicando por que os danos causados pelo atual surto inflacionário global serão mais longevos do que parecem. Para conter a pressão inflacionária, agora, em agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu subir a taxa básica de juros (Selic) para 13,75% ao ano, o maior patamar desde janeiro de 2017 – 12ª alta consecutiva desde março de 2021, quando a taxa estava em 2%.

Embora a alta da inflação impacte positivamente as receitas do governo (no acumulado de janeiro a junho de 2022, a arrecadação teve um aumento real de 11% sobre o primeiro semestre do ano passado), Fabio Pina, economista da Assessoria Técnica da FecomercioSP, afirma que ela funciona como um esteroide para as contas públicas, gerando custo terrível para a saúde econômica do País. “No curto prazo, a inflação pode ter um aspecto sedutor para o governo, porque contribui para que as contas públicas fiquem temporariamente no azul. O problema é que isso gera a falsa sensação de que está tudo sob controle.”

Outro problema agravante é a piora nos indicadores de segurança alimentar. A falta do que comer atingiu 33,1 milhões de pessoas em 2022, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar. Em menos de um ano, 14 milhões entraram em situação de vulnerabilidade alimentar.

“Só a transferência de renda não dá conta de pagar as contas e comer. É preciso um programa de renda mínima e meios de reduzir os preços dos alimentos e de forçar a produção, aumentando a oferta e a demanda internas, e, ainda, uma diminuição de impostos sobre a comida”, opina Rosana Salles, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ao tratar a efetividade do Auxílio Brasil, que, atualmente, é oferecido a cerca de 18 milhões de famílias.

EDUCAÇÃO E ABISMO DIGITAL

A educação não escapou dos estragos causados pela pandemia. O abandono e a evasão escolar voltaram a crescer após décadas em queda. Em 2019, eram 90 mil as crianças fora da escola; em 2021, os números cresceram, chegando a 244 mil (IBGE/Pnad Contínua).

“Nos últimos dez anos, vínhamos reduzindo o abandono e a evasão. Não era um problema 100% solucionado, mas, mesmo no ensino médio – a etapa mais complicada –, as taxas eram descendentes. A pandemia interrompe este ciclo”, comenta Ivan Gontijo, coordenador de políticas educacionais do Todos pela Educação. Apuração da PB mostra que tampouco houve garantia de aprendizado para quem marcou presença em sala de aula.

Além destas constatações, a ausência de formação para usar as tecnologias digitais (necessárias para a educação a distância) não atinge somente os estudantes. No período de ensino remoto, durante a pandemia, 89% dos professores não tinham experiência anterior na modalidade. Dados do estudo “O Abismo Digital no Brasil”, da consultoria PwC, revela, ainda, que, em meio às adequações para o ingresso da tecnologia 5G no Brasil, ainda temos 33,9 milhões de desconectados.

AÇÃO PROPOSITIVA

Na contramão das adversidades, o Brasil revela brasileiros que transformam os meios em que vivem. Nesse contexto, a PB #471 ouviu as impressões de Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas – bloco de líderes e empreendedores sociais das dez maiores favelas do Brasil. Ele compartilha sua vivência em ações de geração de renda e emprego na favela de Paraisópolis, em São Paulo. A entrevista também está disponível no Podcast da PB. Ouça aqui.

ENTENDENDO O PASSADO

Outra entrevista disponível é a com o pesquisador Paulo Rezzutti, especialista em história da família imperial brasileira. Ele aborda detalhes de seu novo livro, Independência, a história não contada – A construção do Brasil: 1500-1825, título que se aproveita do bicentenário da Independência do Brasil e reflete sobre o legado do período imperial.

A PB é uma realização da FecomercioSP, com distribuição dirigida a empresas associadas da Entidade, a universidades e escolas, ao Poder Público e aos representantes do terceiro setor.

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Redação PB Joélson Buggilla
Redação PB Joélson Buggilla