Confira nossas dicas de cultura, publicadas bimestralmente na edição impressa da Revista Problemas Brasileiros.
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Bambino a Roma
Chico Buarque — Companhia das Letras
Entre 1953 e 1955, o menino Chico Buarque viveu em Roma. Na época, seu pai, o já célebre sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, lecionou na Universidade de Roma e levou consigo a mulher, Maria Amélia, e os sete filhos. Esse é o fato. A maneira como o escritor e compositor revive essas memórias em seu novo romance, é o que dá o tom saboroso a uma viagem no tempo que mistura lembrança e ficção — que tem como cenário a cidade que se reergue no pós-Segunda Guerra. O entrosamento com os colegas — não tão fácil com a ainda recente derrota do Brasil na Copa de 1950, em pleno Maracanã —, as primeiras experiências de amor, as relações familiares no apartamento do número 12 da Via San Marino, enfim, tudo está lá para criar um romance de formação que transcende o gênero em que a obra se insere, já que traz consigo, de certa forma, as bases que formaram o próprio autor.
Para ler
Em agosto nos vemos
Gabriel García Márquez — Editora Record
Um vez por ano, Ana quebra a rotina de mulher de meia-idade para colocar um ramo de gladíolos no túmulo da mãe, em uma ilha caribenha. Hospeda-se sempre no mesmo hotel e faz o mesmo pedido para o jantar — até o dia em que um homem a convida para uma bebida. É com essa personagem que Gabriel García Márquez (1927–2014) volta para presentear os seus leitores em um romance póstumo inédito. Tão prazeroso quanto desfrutar de um novo “Gabo” é conhecer a história da edição da obra. No prefácio, os filhos Rodrigo e Gonzalo García Barcha relembram o processo de escrita, “fruto de um derradeiro esforço” do pai “de continuar criando” e que, “num ato de traição”, decidiram pôr as páginas à disposição do público. Ao fim do volume, Cristóbal Pera, editor e grande amigo do autor, fala das idas e vindas do original, com Gabo ainda vivo, e do papel de Mónica Alonso, secretária de García Márquez, na empreitada até o “grande OK final”.
Para ouvir
Vou pegar o metrô
Adoniran Barbosa
Em 2024, o Metrô de São Paulo completa 50 anos. E uma feliz coincidência parece homenagear a rede que, hoje, transporta cerca de 4 milhões de pessoas por dia: Adoniran Barbosa (1910–1982), compositor de Trem das onze, teve uma de suas letras inéditas musicada e lançada nas plataformas de áudio pela Biscoito Fino. Os versos de Vou pegar o metrô foram publicados em 1977, no jornal Notícias Populares e redescobertos em 2022, pelo produtor Cássio Pardini. Coube a Eduardo Gudin, grande amigo e colaborador do músico, a parte da melodia. A canção conta a história de um rapaz que tem a vida facilitada pela inauguração da Linha 1-Azul do metrô (em 1974). O problema é que, agora, porém, não poderá mais mentir para o patrão (ou para namorada) sobre atrasos do trem. Os bairros de Santana e Vila Mariana, ligados pelo primeiro trecho do metrô, são citados na música.
Para ouvir
Só no Brasil
Crime, caos e confusão acontecem em qualquer lugar no mundo, mas certos golpes e “mutretas” são tipicamente brasileiros. Esse é o tema do podcast dos humoristas Victor Camejo e Pedro Duarte, que abordam, de forma bem-humorada, crimes inusitados que aconteceram no País. A proposta é de um programa no estilo true crime — gênero que caiu no gosto dos fãs da de áudio por streaming — no qual a tensão e o suspense dão lugar ao humor, ao abordar o lado absurdo e inusitado do que “só acontece no Brasil”. Ainda que o humor dê o tom, a série conta com um longo processo de pesquisa e apuração dos casos, todos reais. Convidados também fazem parte do projeto, com comentários pontuais que elucidam questões a respeito das histórias. O projeto está disponível nas plataformas de áudio.
ESTE CONTEÚDO FAZ PARTE DA EDIÇÃO #483 (OUT/NOV) DA REVISTA PB. CONFIRA A ÍNTEGRA, DISPONÍVEL NA PLATAFORMA BANCAH.