Não é de hoje que a busca pelo equilíbrio das contas da Previdência Social desafia governos e especialistas. No entanto, novos fatores se tornam cada vez mais impactantes. O envelhecimento da população eleva o contingente daqueles que recebem benefícios, enquanto a redução da natalidade diminui a quantidade daqueles que contribuem para o sistema. Há, ainda, transformações no mundo do trabalho que levam à informalidade milhões de trabalhadores, reduzindo ainda mais o número de contribuintes.
Sem novas soluções, tal cenário põe em xeque a proteção social no presente e a renda futura da maioria dos brasileiros, como aborda a reportagem de capa, “O amanhã ameaçado”, da nova edição da Revista Problemas Brasileiros (jul/ago).
Outra problemática da atualidade retratada neste número é a extensão dos negócios do crime organizado. À medida que as fronteiras entre legal e ilegal se confundem, organizações criminosas avançam por novos mercados, inclusive lícitos — de combustíveis a ouro —, usando estratégias como evasão fiscal e falsificação de notas fiscais para “limpar” os lucros das mais diversas atividades. Em 2022, essa estrutura faturou, pelo menos, R$ 146 bilhões, mais do que segmentos inteiros do varejo paulista, como mostra a reportagem “Novas fronteiras do crime”.
“Sustentar não é mais a palavra. Se quisermos continuar habitando este mundo, precisamos regenerar tudo o que degradamos ao longo do último século.” É assim que Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura, define os rumos da agenda climática, às vésperas de o Brasil sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, em Belém. Na opinião da executiva, o evento é uma oportunidade única para o País liderar a agenda para mitigar os efeitos do aquecimento global. Sobre o papel do varejo na transição verde, Angela aponta a coleta (e o uso) de materiais recicláveis pós-consumo como uma alternativa viável, além do olhar para os direitos humanos na cadeia de fornecedores.
Os mais recentes estudos sobre envelhecimento mental são unânimes em afirmar que existe uma clara relação entre pobreza e a incidência de demências, especialmente o mal de Alzheimer. A reportagem “Alzheimer e pobreza, perversa relação” mostra que a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo, bem como que as disparidades social e de saúde são preditoras relevantes para um envelhecimento cerebral saudável na América Latina.
Saúde mental também está presente no texto “A arte de curar mentes”, que conta como a psiquiatra Nise da Silveira — nascida há 120 anos — confrontou os modelos de tratamento da sua época e foi pioneira no Brasil no uso da arte para reabilitar pacientes com transtornos mentais. Nise declarou guerra aos manicômios e hospícios.
Sua trajetória foi forte inspiração para, em 2001, o Congresso Nacional aprovar a Lei Antimanicomial, de autoria do então deputado Paulo Delgado. E é ele, no artigo “Dra. Nise, o afeto como cura”, quem conta mais desse avanço fundamental da saúde pública brasileira.