Os jovens não são um grupo à parte: fazem parte do tecido social, convivem com as outras gerações, mas carregam consigo uma visão de mundo diferente da vista nas gerações anteriores. Dos mais velhos, recebem rótulos nada simpáticos, como preguiçosos, distraídos e desinteressados — a geração “mimimi”. Mas, para começo de conversa, a data de nascimento pode ser a única coisa que define a juventude como massa uniforme. Gênero, raça e origem social tornam os jovens um grupo etário heterogêneo em essência. E, contradizendo o senso comum, alimentam, sim, uma série de interesses, iniciativas e ambições, como mostra a reportagem “O que querem os jovens?”, tema da capa da nova edição da Revista Problemas Brasileiros (PB #489 – nov/dez).
Comportamento, consumo, sociedade, antropologia. O que nos faz humanos, e também menos humanos, está na entrevista com o antropólogo Michel Alcoforado, sócio-fundador da consultoria Consumoteca e autor do recém-lançado Coisa de rico: a vida dos endinheirados brasileiros (Todavia, 2025). “A desigualdade no Brasil é cultural e foi construída a partir de um determinado arranjo histórico que nos colocou aqui. Só que qual é a graça? Tudo o que a gente inventa, a gente pode desinventar”, defende, em sua análise, sobre os abismos sociais tão marcantes da sociedade brasileira. Na entrevista, ele fala também do peso da cultura na construção dos indivíduos e da sociedade, explicando como o conceito rege todas as interações, das relações interpessoais à construção e perenidade dos negócios.
Perder duas ou três horas em deslocamentos é uma realidade cotidiana nas grandes cidades brasileiras, e a solução é senso comum: investir em transporte de alta capacidade, como o metrô. Mas como chegar lá? O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez a conta. A estrutura de transporte urbano brasileira necessita de investimentos de R$ 500 bilhões até 2054. Um estudo realizado pela instituição mapeou 194 projetos de transporte coletivo de média e alta capacidades e concluiu que é fundamental dobrar o tamanho do sistema de metrô e quadruplicar os de Bus Rapid Transit (BRT, na sigla em inglês, ou “trânsito rápido por ônibus”) e Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A reportagem “Imobilidade urbana” analisa, à luz de dados e conversas com especialistas, como desatar o nó que trava as cidades e consome o tempo e a saúde de quem se desloca por elas.
Para marcar o mês da Consciência Negra, a PB preparou uma reportagem sobre os africanos, especialmente falantes do português, que escolheram o Brasil como nova casa. O País recebeu 8 mil imigrantes africanos entre janeiro e julho de 2025, de mais de 50 países. Em todo o ano passado, foram pouco mais de 4 mil. As universidades brasileiras são um motivo importante na atração de africanos, que muitas vezes levam para o país de origem a formação conquistada aqui. Ouvindo essas pessoas que vivem no Brasil e especialistas em fluxos migratórios, a reportagem apresenta os desafios para a integração cultural e as barreiras econômicas vividas por quem cruza o Atlântico em busca de mais oportunidades.
A nova edição da PB traz ainda os detalhes do Projeto Notáveis, iniciativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) que celebra a trajetória de personalidades marcantes para as realidades socioeconômica, jurídica, cultural e intelectual do Brasil. Abram Szajman, Ives Gandra da Silva Martins, José Goldemberg e José Pastore são os protagonistas da primeira temporada, com histórias que se cruzam por suas ações em prol do Brasil no passado, no presente e no futuro.
Do passado, a PB lembra os 70 anos da eleição de Juscelino Kubitschek como presidente da República. A euforia desenvolvimentista, resumida no lema “Cinquenta anos em cinco”, fez surgir em tempo recorde uma nova capital e rasgou estradas de Norte a Sul e de Leste a Oeste, para que nelas transitasse o produto da recém-implantada indústria automobilística. A virada do agrário para o moderno, porém, não se resumiu aos feitos econômicos e às transformações geopolíticas.