Quão verdes podemos ser?

17 de março de 2025

Às vésperas de receber a primeira COP da sua história, em Belém, no Pará, o Brasil experimenta contradições que, na mesma intensidade, podem oferecer soluções ambientais ao mundo se forem solucionadas. Dentre elas, zerar o desmatamento e diversificar a produção de energia limpa. Para fazer isso e assumir a liderança global do debate, o País carece de mais ousadia na agenda ambiental, dizem especialistas ouvidos pela Revista Problemas Brasileiros.

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Por qualquer estrada, quem chega a Belém logo se depara com uma afirmação, espalhada pelos outdoors, que a capital do Pará faz sobre si mesma: “cidade das águas”. A expressão existe pelo menos desde o período colonial, quando não havia ali mais do que “dois assentamentos separados por um rio e um pântano”, como escreveu o urbanista Juliano Ximenes. Belém Cidade das Águas (2003) é também o nome de um curta-metragem de Jorane Castro, uma das faces do cinema contemporâneo paraense.

Não é trivial, assim, que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontecerá em novembro, demarcou o Polígono COP30, uma pequena área dentro dos mais de 500 quilômetros quadrados que conformam o território e as ilhas da cidade, quase todo à beira do Guamá, imenso rio barrento de onde nascem afluentes — canais, córregos e outros rios — que entram em Belém para torná-la “a cidade das águas”.

É por esses aspectos que o contador belenense Ivan Costa olhava para a metrópole, na metade de dezembro de 2024, como uma metáfora de si mesma. “É a cidade das águas sem águas!”. Presidente do Observatório Social de Belém (OSB), braço de uma rede de observatórios espalhados pelo Brasil, Costa referia-se à seca que o Pará enfrentava desde a metade do ano, que fez o governo decretar emergência pública. Na mesma época, os incêndios na floresta ao redor irrompiam e, no começo de novembro, quase oito em cada dez (76%) queimadas pelo País foram registradas no local, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Belém está irreconhecível”, sentenciava o presidente do OSB. “Os rios como fiozinhos de água, os córregos, ainda que sujos, que fazem parte da vida dos bairros populares, as águas estão todas secando… e tudo às vésperas da COP!”, afligia-se.

UMA COP EXISTENCIAL

Essa relação entre conferência e cidade é complexa. De um lado, porque a própria COP chega a Belém para se salvar. “Apesar da importância global que foi adquirindo na década passada, a reunião está em descrédito pelo menos desde a edição do Egito”, nota Alexandre Prado, líder de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, referindo-se à COP27, que aconteceu há três anos, no balneário de Sharm el-Sheikh. “De lá para cá, a COP foi sediada em países não democráticos e muito dependentes de combustíveis fósseis”, ressalta. O encontro seguinte ao egípcio, em Dubai, pior, foi usado pelos Emirados Árabes Unidos para fechar contratos de petróleo com 15 países, segundo uma reportagem da rede britânica BBC.

De outro, porque o Brasil olha a COP chegando no horizonte também como uma espécie de salvação e pressão. “[Organizar a conferência] será nosso grande desafio de 2025”, admite a diplomata Liliam Chagas, que dirige o Departamento de Clima do Itamaraty. No caso de Belém, é assim não apenas pelos gargalos estruturais, mas porque a capital paraense condensa alguns dos nossos desafios climáticos, como desmatamento, queimadas e garimpo ilegal, por exemplo. “Vamos chamar a atenção do mundo para a importância da Amazônia, mas também para os seus problemas”, observa o presidente Ivan Costa. “E o ponto mais intrigante é que a maioria da população da cidade não faz nem ideia do que é a COP”, reage Marco Antônio Lima, professor na Universidade Estadual do Pará (Uepa).

É no meio dessa contradição — uma conferência climática determinante para o futuro do mundo na cidade das águas sem águas e que não faz ideia de que a COP acontecerá ali — que o Brasil também pretende tomar um lugar que sempre dizem ser o seu: o de líder de um planeta ambientalmente convulsionado.

URGÊNCIA OU UTOPIA

A numeralha do debate ambiental global quantifica essa realidade. Esses dados calculam as chances de a temperatura média do planeta não subir mais do que 1,5ºC até 2100 em relação ao século 19, na era pré-industrial, época em que o mundo não era tão dependente de recursos como gás, carvão e petróleo — tudo o que acelerou o aquecimento do planeta. Manter o fenômeno nesse limite foi o compromisso do Acordo de Paris, firmado em 2015, e que, se for alcançado, ainda assim será uma espécie de “adiamento do apocalipse” — inevitável —, que intensificará estiagens e tempestades, calores e frios entre extremos e por todos os lugares, dos quais alguns sumirão do mapa para sempre.

O problema é que, pelo menos desde 2023, essa medida parece estar saturada. A Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU, calculou um potencial de 66% de esse limite ser atingido até 2027. Mais alarmante ainda é que, há cerca de dois anos, a temperatura da Terra já estava 1,3ºC maior do que em 1850, de acordo com um relatório da OMM publicado em novembro do ano passado.

E não é só isso. O mesmo documento aponta que 2024 foi o ano mais quente da história terrestre em 175 anos de medições da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, da sigla em inglês). A entidade afirma que, de 1850 em diante, a temperatura da Terra subiu 0,06ºC por década, mas que, a partir de 1982, esse processo triplicou de velocidade, crescendo 0,20ºC de dez em dez anos. Em janeiro de 2025, a Nasa e o Copernicus, Programa de Observação da Terra da União Europeia, confirmaram o recorde de calor do planeta no ano anterior (1,6ºC), no mesmo dia em que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontou o mesmo fato sobre o Brasil. Segundo o Copernicus, 2024 foi o primeiro ano a ultrapassar a marca de 1,5°C de aumento na temperatura média da Terra em relação aos níveis pré-industriais. Ainda não é o padrão, mas estamos perto disso.

O desafio é que, se todos os países que assinaram o acordo implementarem rigidamente as políticas compromissadas em Paris, conseguirão reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), que causam o aquecimento da Terra, em apenas 5,6% até 2030. Para se cumprir a meta, era preciso que essa porcentagem fosse de, no mínimo, 43% e “para que isso fosse possível, boa parte das nações, principalmente as do G20, deveria parar de emitir gases imediatamente, o que é utópico”, avalia Cláudio Angelo, membro do Observatório do Clima (OC), que acabou de lançar o livro O silêncio da motosserra: quando o Brasil decidiu salvar a Amazônia (Companhia das Letras, 2024), em coautoria com Tasso Azevedo. Mais pragmática, Izabella Teixeira, que foi ministra do Meio Ambiente entre 2010 e 2016, lembra que “os pesquisadores ainda não apertaram o botão de urgência”, mas que há um prazo no horizonte para isso: 2030. “É nossa janela final”, sentencia.

As dimensões da posição de liderança do Brasil também não correspondem entre si. Enquanto a rede de entidades que orbita a discussão sobre clima no País espera por “grandes anúncios” em Belém, fontes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) reiteram que não haverá nada nem perto disso. “Nosso foco está em cumprir acordos firmados”, ressaltaram, em dezembro, dois membros da pasta à reportagem, em condição de anonimato. “Esperamos que o Brasil tome a frente não só como presidente”, opina Angelo, “mas também se comprometa com objetivos ousados, como estabelecer um calendário para uma transição energética, com etapas de redução do uso de fósseis”, continua. “Travar a meta de emissões e articular bons acordos também precisam estar na nossa ordem do dia lá”, acrescenta Prado, do WWF-Brasil.

Segundo a engenheira Cristiane Cortez, assessora do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), ao contrário, se o País apresentar dados e projetos com promessas de zerar todo o seu desmatamento até 2030 — e ainda seguir diversificando a matriz energética —, chegará à COP com “coisas para mostrar”. “E o ritmo dessas entregas está bom”, destaca. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), quase a metade (49%) de toda energia produzida aqui é oriunda de fontes renováveis, como captações solar e eólica, por exemplo. No mundo, esse número é de 15%. “Quando o Brasil diz que ‘está fazendo a sua parte’ e consegue provar isso com fatos, reúne poder suficiente para cobrar dos outros que também avancem nas suas agendas verdes”, entende a assessora.

Mas há um desafio ainda maior debaixo do braço do Brasil. Analistas que participaram da COP29 apontam que sobrou para o País destravar a negociação sobre recursos dos países desenvolvidos para as nações do Sul Global. É o dinheiro que precisam para custear as próprias políticas de adaptação e mitigação relativas ao aquecimento do planeta. Em Baku, após muita resistência, aceitaram entregar — e apenas no penúltimo dia da reunião — um total de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,75 trilhão) por ano até 2035. Antes do encontro, estava certo que essa conta só fecharia em US$ 1,35 trilhão (R$ 7,5 trilhões) anuais. “Nós ficamos por algumas horas de sair de lá com um fracasso total”, revela Liliam, do Itamaraty.

A Revista Problemas Brasileiros (PB) apurou, com fontes do governo, que pleitear esse trilhão de dólares aos países do Norte será a prioridade da presidência brasileira na COP. “Se for isso mesmo, estamos fritos!”, reage Angelo, do OC. “As nações que receberiam o dinheiro precisam, na verdade, de mecanismos para lidar com desafios ambientais, não de empréstimos que aumentariam ainda mais as dívidas”, vocifera. É a mesma opinião do físico José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP [leia abaixo]. Cristiane, também da Entidade, entende que a priorização dos recursos, se adotada pelo Brasil, será positiva, “até porque a questão do financiamento travou outras COPs”. Apesar disso, a assessora parece mais resignada quanto aos resultados possíveis. “Acho difícil. O País terá de ‘tirar leite’ de pedra nesse assunto”, enfatiza.

Em paralelo, o Ministério do Meio Ambiente corre para fazer duas entregas até o fim deste semestre: o Plano Nacional sobre Mudanças do Clima, já em fase final, e quase uma dezena de projetos com metas setoriais (Indústria, Energia, Transportes, Agricultura, entre outros) que estão na alçada de diferentes ministérios, os quais — se der tudo certo — deverão apresentar as próprias metas até julho, com todas as previsões de reduções de emissões e os respectivos custos. À boca pequena, a pasta considera esses planos os “grandes anúncios” a se fazerem no Pará.

LIMITES DAS METAS

Às vésperas da conferência em Baku, em 2024, o Brasil atualizou as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês), nome técnico do conjunto de metas de cada país definido em Paris, em 2015. Em um documento de 44 páginas, divulgado em outubro de 2024, o País prometeu reduzir as emissões de GEE em um intervalo de, no mínimo, 59% e, no máximo, 67%, até 2035, tendo 2005 como ano de referência. O plano anterior era cortá-las em 43% até 2030. Os observadores não gostaram.

Em agosto, o OC calculou que a meta já ajustada do Brasil precisaria ser a redução de 92% das emissões até 2035. “A conta que nós fizemos é bastante realista”, declara Angelo, defendendo-se, de antemão, das críticas que a rede recebeu, à época, de que o dado estava “fora da realidade”. “A gente observou a complexidade econômica envolvida, mas também considerou o máximo possível de redução. Dá para emitirmos só 100 milhões de toneladas [de GEE]? Não dá! No entanto, 200 milhões de toneladas dá. Ainda mais considerando que o grosso das nossas emissões vem do uso da terra”, continua. O uso da terra, neste caso, tem um sinônimo mais assertivo — desmatamento. Em 2023, o Brasil despejou 2,3 bilhões de toneladas desses gases na atmosfera.

Para além da ambição, o formato de intervalo das NDC também é controverso. Prado, do WWF-Brasil, assegura que a meta ficou “muito aberta a interpretações”. “A dose do esforço depende muito de qual parte da meta será tomada. Uns podem usar a de 59% em seu favor, que é menor, e definir as iniciativas a partir disso. Já quem pegar a de 67% terá de fazer mais coisas. A distância entre ambas é muito grande”, explica.

A secretária de Mudança Climática do MMA, Ana Toni, que esteve à frente da delegação brasileira em Baku, acompanha de perto todas essas reações. “Parte da sociedade civil criticou muito”, pontuou, em dezembro. “Mas outra parte foi bastante elogiosa. E nossas NDC foram bem acolhidas no exterior. Para mim, são objetivos ambiciosos.” A meta tem gerado conflitos mais tensos. No começo de dezembro, durante um debate sobre a COP30, organizado pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, a ex-ministra Izabella subiu o tom com os representantes do governo que faziam coro para os projetos oficiais. “[As NDC] não foram pactuadas politicamente com ninguém”, criticou. “O Congresso sabe algo sobre nossas contribuições? Os setores impactados sabem? Ninguém sabe! E esse é o nosso dever de casa até Belém”, prosseguiu. Há ainda as críticas que se debruçam sobre o teor desses planos. São aquelas que dizem que o Brasil tem um objetivo, mas não sabe como cumpri-lo.

Cristiane Cortez é uma das cabeças responsáveis por uma agenda que a FecomercioSP acabou de lançar, com propostas a serem alcançadas até 2030. Segundo ela, as proposições [veja abaixo] almejam mudar de alguma forma o patamar socioeconômico nacional, o que poderia ser alcançado com mais investimentos em mecanismos de eficiência energética. “Faria a gente dar um salto incrível de produtividade, melhorando processos e reduzindo custos”, salienta a assessora, que também leciona na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). A agenda da Entidade ainda propõe dinamizar sistemas que, do varejo para fora, atuem sobre o cotidiano das pessoas, como a economia circular, que fornece meios de reutilizar os materiais que transitam no consumo, e a logística reversa, voltada para o descarte de itens eletrônicos, por exemplo.

Documentos assim são fundamentais, na visão de Izabella, porque estão ausentes do cenário. “Este país sempre tomou decisões sólidas para resolver os seus problemas. Foi assim com a fome, foi assim com o Plano Real e deveria ser agora com a questão verde”, defende. “As NDC brasileiras têm de ser a nova URV [Unidade Real de Valor], no sentido de que todo mundo tem de saber o que são, como funcionam, porque são importantes.”

O DESAFIO DO DESMATAMENTO

No entanto, se há um consenso em tudo isso, é que a melhor contribuição que o Brasil pode dar ao mundo é lidar com o desmatamento das próprias florestas. O País sabe disso e, com razão, travou o plano de acabar com essa prática até 2030. Apesar da quantidade assustadora das nossas emissões de GEE em 2023, impalpáveis até ao pensamento, ela veio como boa notícia: representou queda de 12% em comparação com o ano anterior — em absoluto, foi uma retração de cerca de 300 milhões de toneladas de gases, ou o melhor número desde 2009. O País, ressalte-se, responde por 3% das emissões globais.

Boa parte do resultado aconteceu justamente pela redução do desmatamento, ação que corresponde à metade (48% em 2022) de tudo o que o Brasil joga na atmosfera a cada ano. No entanto, debruçar-se sobre os dados é perceber dilemas. No ano passado, as emissões produzidas pela derrubada de vegetação nativa da Amazônia caíram 37% (um total de 687 milhões de toneladas). Um relatório da rede MapBiomas reforça essa dimensão, mostrando como houve uma queda na destruição do bioma de significativos 62%. “Se o País conseguir acabar com o desmatamento na região, já terá um impacto imenso para o volume total de emissões”, destaca Cristiane. “E isso é até menos complicado, porque quase todo o desmatamento na Amazônia é fruto de crime”, prossegue Angelo, do OC. É a boa notícia da boa notícia.

A má é que a Amazônia, por reter a atenção do mundo, acaba sendo uma ilha rodeada por outras destruições, e não é sem motivo que o Cerrado, que corresponde a um quarto do território do Brasil, aumentou paralelamente as emissões em 23% em 2023. Ecossistema mais crítico do Brasil atualmente, porque boa parte da derrubada de mata nativa ali é “legal”, o bioma viu a sua região desmatada subir incríveis 67% no ano passado, relata o MapBiomas. Uma área de 1,1 milhão de hectares. “É um desafio bem mais complexo. Há até medidas do governo para estimular que os donos das terras não destruam as áreas verdes, mas, se eles estão nos padrões do Código Florestal, não há o que fazer”, adverte Cristiane. Pelas regras atuais, bastante criticadas pelo governo e por especialistas, proprietários de terras no Cerrado podem desmatar até 80% legalmente.

Perto da virada do ano, Costa, do OSB, de Belém, estava particularmente perturbado com uma mudança que, originalmente climática, havia transformado um elemento da cultura popular da cidade: a chuva do fim da tarde. “Essas precipitações funcionam como um relógio. Costumamos marcar reuniões, encontros, festas, horário de trabalho, tudo com referência ao antes e depois da chuva. É uma marca nossa”, contava.

Há até explicação científica para isso: das nuvens que, carregadas de fluxos de umidade, se potencializam com a fortíssima energia do sol da Amazônia, virando precipitação. Mas, naquela época, não chovia na capital paraense desde meados de julho, transformando os córregos em “fiozinhos d’água” na mesma medida que alterava toda a temporalidade social. Em paralelo, as obras da COP seguiam a pleno vapor. “Cidade das águas sem chuva”, dizia o presidente do OSB, na fronteira da ironia com o lamento.


Uma das cabeças do debate ambiental brasileiro, o físico José Goldemberg, que esteve à frente da pasta do Meio Ambiente do País em 1992, elogia as NDC do Brasil atualizadas para a COP29, mas acredita que ainda é preciso organizar uma série de elementos para materializá-las. Na entrevista abaixo, o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP defende que a presidência brasileira na COP30 priorize esforços para que grandes emissores do planeta — a China e os Estados Unidos, principalmente — comprometam-se com mais intensidade na luta contra o aquecimento global.

ESTA É A REPORTAGEM DE CAPA DA EDIÇÃO #485 (MAR/ABR) DA REVISTA PB. CONFIRA A ÍNTEGRA, DISPONÍVEL NA PLATAFORMA BANCAH.

VINÍCIUS MENDES Débora Faria
VINÍCIUS MENDES Débora Faria