Olhares para 2025: diversidade e cultura

21 de janeiro de 2025

A Revista Problemas Brasileiros reuniu dez especialistas em suas respectivas áreas de conhecimento em torno de uma pergunta: o que esperar de 2025? As respostas foram tão diversas quanto as dificuldades e oportunidades que aguardam o Brasil nos próximos 12 meses.

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Cida Bento, doutora em Psicologia, conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e autora de O pacto da branquitude

O resultado das eleições municipais, com predominância de partidos à direita do espectro político, pode levar à leitura de que 2025 será de retrocesso nas pautas ligadas a gênero, raça e direitos humanos e justiça social. No entanto, para a pesquisadora Cida Bento, o que ocorre é um movimento de reação.


“Precisamos entender que não se trata de retrocesso, mas da reação frente ao avanço significativo dos grupos identitários”, afirma. Na avaliação da psicóloga, houve conquistas importantes nos últimos anos em termos de igualdade social. Nesse ambiente, é natural que parte da sociedade, mais conservadora, se mova para impedir esses avanços. 

A crescente violência, principalmente contra mulheres e negros, é reflexo desse cenário de resistência. “O aumento da intolerância e dos episódios de agressão é indicativo de que as vitórias conquistadas estão sendo questionadas”, explica. Cida ressalta que essa resposta agressiva é sintoma claro do receio que muitos têm do fortalecimento de vozes historicamente marginalizadas. Mesmo que os avanços ainda sejam limitados, a pesquisadora ressalta que há uma nova postura ao contemplar pautas de direitos humanos nas áreas de Educação, Violência Urbana e Segurança Alimentar, por exemplo.

Diante da queda de braço entre progressistas e conservadores, 2025 será o momento para aprimorar estratégias e fortalecer lutas identitárias quanto aos poderes econômico, social e político. Isso, na visão de Cida, passa por uma melhor compreensão e pelo diálogo entre os mais diversos campos ideológicos presentes na sociedade.

Luiz Galina, diretor regional do Sesc-SP

O ano de 2025 promete consolidar o fortalecimento da cultura, com maior incentivo à produção artística e aproximação com o público. Dentre os destaques, a Bienal de Arte de São Paulo — que estimula o circuito artístico local —, os festivais literários e eventos com a temática da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, reforçando o cenário positivo.


“A perspectiva é otimista. Há um processo em curso de fortalecimento da cultura em nível federal, cujos mecanismos de institucionalização, fomento e profissionalização estão sendo reconstruídos desde 2023, com o retorno do Ministério da Cultura”, afirma Luiz Galina, diretor regional do Sesc-SP. 

O diretor reitera o potencial da cultura como geradora de empregos e renda, enfatizando a importância de uma coordenação competente entre o Poder Público e a iniciativa privada. Em meio a esse processo, há também um maior interesse do público. Galina cita a pesquisa “Hábitos culturais”, do Observatório da Fundação Itaú, que mostra o aumento da participação da população em grandes e médios festivais, espetáculos, salas de teatro e cinemas desde o fim da pandemia da covid-19. 

Galina ainda ressalta que o Brasil também tem observado a proliferação de movimentos culturais nas periferias, onde a juventude negra é protagonista. Esses grupos vêm utilizando diversas linguagens para expressar as próprias demandas e visões de mundo, alterando o panorama cultural.

O Sesc-SP, por sua vez, está em processo de expansão no Estado de São Paulo, com novas unidades e ampliação de espaços já existentes, prometendo uma oferta cultural ainda mais desenvolvida. “Vamos manter atenção especial à diversidade étnico-racial, que busca corrigir injustiças históricas com a representatividade nas artes”, diz. Aqui vale destacar a exposição sobre Abdias Nascimento e o Festival Sesc Culturas Negras

ESTA REPORTAGEM É PARTE DA EDIÇÃO #484 IMPRESSA DA REVISTA PB. A ÍNTEGRA DA PUBLICAÇÃO ESTÁ DISPONÍVEL NA PLATAFORMA BANCAH.

Ana Paula Ribeiro Débora Faria
Ana Paula Ribeiro Débora Faria