Cidades vulneráveis

05 de maio de 2025

U

Um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, o saldo é negativo para as cidades brasileiras quando se trata das mudanças climáticas. O Poder Público parece não ter aprendido a lição e a população sofre com eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos. Faltam ações para mitigar os efeitos de cheias, secas, incêndios e ondas de calor. Enquanto isso, Estados e municípios seguem sem um plano claro de adaptação para o que se tornou a nova norma do clima. Esse é o tema da reportagem de capa, “Cidades vulneráveis”, da nova edição da Revista Problemas Brasileiros (mai/jun).

O cenário é preocupante, já que 2024 foi uma desastre climático. Globalmente, o mais quente da história. E no início deste ano, tempestades mais intensas que o esperado trouxeram transtornos, prejuízos e mortes para diversos municípios, especialmente na Grande São Paulo. Há algumas iniciativas para amenizar os efeitos das mudanças climáticas nas cidades, mas é pouco: faltam ações de curto prazo para reduzir a vulnerabilidade da população.

Viver sem lar

Enquanto os municípios brasileiros têm em mãos o desafio de se prepararem para os efeitos das novas tragédias — embora anunciadas — ligadas ao aquecimento global, elas ainda se veem às voltas com um dilema antigo: o enorme contingente de pessoas em situação de rua. 

Nunca houve tanta gente vivendo ao relento no Brasil. Em dez anos, o número de pessoas em situação de rua cresceu quase sete vezes, de 52 mil para 328 mil. Segundo especialistas, as explicações para a forte alta passam por questões econômicas — algumas herdadas da pandemia —, de saúde (como dependência química e sofrimento mental) e sociais, como a violência doméstica, que fazem da rua, às vezes, um lugar mais seguro. É o que mostra a reportagem “A mazela dos sem-lar”, que busca retratar o atual cenário das cidades e discute respostas sociais e econômicas para devolver dignidade a quem vive sem um teto.

E a discussão abrange outros aspectos. A entrevistada desta edição é Anacláudia Rossbach, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Ela confirma que, infelizmente, o déficit habitacional não se restringe a países pobres ou em desenvolvimento, tratando-se de um fenômeno de dimensões globais. 

O Banco Mundial estima que, ainda em 2025, 1,6 bilhão de pessoas serão afetadas pela escassez de moradias. As soluções para a crise habitacional, no entanto, vão muito além da construção de casas. “Ainda estamos muito limitados à provisão de unidades habitacionais, o que não é uma solução sustentável em longo prazo”, opina. Segundo a especialista, é preciso investir em planejamento urbano. “Vivemos dilemas e complexidades muito profundos, e o programa habitacional ainda está na produção de casinhas. Nossas cidades estão ficando cada vez mais vulneráveis, o que está mais visível no processo da mudança climática”, afirma.

História e economia

Data de nascimento determina patrimônio? No fim de 2024, uma pesquisa do Grupo Allianz, sobre o acúmulo de riqueza, repercutiu no mundo todo ao mostrar que os baby boomers — nascidos entre 1946 e 1964 — formam a geração mais rica da história; e, em contraste, os millennials, ou geração Y (nascidos entre 1981 e 1996), são os que mais têm dificuldades para construir um patrimônio. Quem começou a trabalhar no milagre econômico, ou depois do Plano Real, contou com mais previsibilidade e melhores oportunidades de acumular riqueza. Já os nascidos a partir de meados dos anos 1980 tiveram de se deparar com novas configurações das relações de trabalho e crises econômicas que dificultam o planejamento financeiro e o acúmulo de patrimônio, como mostra a reportagem “Boomers × Millennials”.  

Os boomers são os filhos do pós-guerra, uma geração que nasceu e cresceu no novo modelo de mundo que surgiu depois da Segunda Guerra. A matéria “1945, o ano que mudou o mundo”, retrata esse momento de virada da história mundial. 

Há 80 anos, a rendição do Japão pôs fim à Segunda Guerra Mundial, uma das maiores tragédias da história recente da humanidade. Acordos entre os polos dominantes redesenharam o mapa-múndi e nasceu uma nova era, polarizada, com regras inéditas de convivência entre as potências. No Brasil, o Estado Novo perdia as bases de apoio e palavras como “redemocratização”, “modernização” e “planejamento” entravam na ordem do dia pela busca por um novo modelo de nação.

CONFIRA ESSAS REPORTAGEM E MUITO MAIS NA ÍNTEGRA DA EDIÇÃO #486 IMPRESSA DA REVISTA PB, DISPONÍVEL NA PLATAFORMA BANCAH.

Redação PB Débora Faria, Jônia Caon e Priscila Gonzana
Redação PB Débora Faria, Jônia Caon e Priscila Gonzana